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FOTO BY RENATO MANGOLIN |
Quando
diversas gerações de uma família judaica se reúnem por qualquer motivo
comemorativo, os pilares que sustentam o encontro são a religião e os costumes.
E se o mote
é celebrar uma tradição como o Shabat ( o descanso do sábado ) aproveitando-se
ainda para festejar o cinquentenário da mãe e o noivado da neta , em nome das
segundas e terceira descendência, certamente vem a tona sentimentos de afeto ou
conflito por desabafos.
Quem não tem
matriarcas ou patriarcas que se julgam líderes do que julgam o mais admirável
dos governos? Quem não tem pais ou irmãos pelos quais nutrem laços de ternura
ou ódios tirânicos?
No mais
visceral dos personagens da peça Silêncio!, a matriarca( Suzana Faini) que se
julga dona exclusiva da verdade, com seus quase infinitos solilóquios verbais,
impressiona pela exuberante interpretação, centralizando as atenções da
plateia.
Mas são
também sensíveis o silencio do patriarca David (Jitman Vibranovsky) preparando
sua demolidora revelação sobre as espúrias origens familiares.
Destaque
ainda para as bens construídas presenças cênicas da investigativa
estudante(Karen Coelho) e da mediadora noiva(Gabriela Estevão), com desempenho
mais sóbrio da mãe (Verônica Reis) e menor alcance na caracterização dos
personagens do pai e do noivo( Alexandre Mofatti/ Vicente Coelho).
A cenografia
(Nello Marrese), com uma sala de jantar num espaço de arena, é interessante por
induzir o envolvimento mais intimista do público, embora incomode, quebrando o
ritual familiar, a utilização de banquetas ao lado de cadeiras mais solenes.
Em Silêncio!,
com privilegiada direção da autora ,ao lado de Priscila Vidca, percebe-se
nitidamente uma sólida enunciação de personagens num tema, a principio sujeito
à total previsibilidade , ataques e defesas num jantar familiar.
Nesta sua
segunda revelação textual, após a feliz surpresa de sua peça Os Sapos, Renata
Mizrahi mostra, mais uma vez, sua qualidade como uma das carismáticas
representantes da nova dramaturgia brasileira .
( SILÊNCIO! está em cartaz no Teatro da UFF, Niterói, sextas e sábados, às 21h; domingo, 20h. Até o dia 29/Novembro )
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