A brasilidade musical de Jacksons do Pandeiro. Barca dos Corações Partidos. 2020. Foto/Renato Mangolin. |
Diante de um ano marcado por dúplice pânico, do surto pandêmico mortal à controversa crise de
governabilidade, com assumido retrocesso
politico e o total descaso à criação cultural
brasileira, a realização do 15º Prêmio
APTR representou um verdadeiro desafio.
Apostando nos espetáculos apresentados nas plataformas
digitais, pela impossibilidade de se ater, por motivos de risco sanitário, à tradicional configuração do teatro presencial, criou-se um formato híbrido. Mas não menos válido
e, por vezes, sob resultados surpreendentes com perspectiva por possível vida longa.
Em habitual recorrência aos recursos tecnológicos, conectando dimensionamentos virtuais e cinéticos ao processo dramatúrgico. Que foram se aperfeiçoando e levando, inclusive, a experimentos como a chamada peça-filme.
E, nesta substituição do encontro vivo palco/plateia, pela
conquista de um público virtual em nível nacional, dos centros urbanos ao mais interiorano rincão, possibilitou-se,
assim, um inédito circuito de alcance social do espetáculo teatral.
Que, por intermédio de provocativo e armado olhar, a APTR soube
transformar num lance certo de dados a favor do teatro brasileiro, na hora
incerta atravessada a partir de 2020. Abrindo novas frentes, as categorias de
premiação ficaram divididas em espaços dramatúrgicos diversificados mas sempre sintonizados
com as plataformas digitais.
A oportuna conotação política de Processo Julius Caesar. Cia dos Atores. 2020. Foto/Elisa Mendes |
A noite de premiação, na quinta 19 de agosto, data simbólica também
dedicada ao oficio teatral, foi aberta por incisivo pronunciamento do presidente
da APTR, Eduardo Barata. Constituindo-se em visceral ato político ao denunciar
o caótico estado de coisas de um país
onde o fato artístico/cultural foi relegado à condição de subproduto.
Em emotiva apresentação dos atores Marco Nanini e Renata Sorrah,
acertado suporte tecno/direcional de Fernando Libonati e significativo roteiro
da dramaturga Daniela Pereira de Carvalho, priorizando homenagens a grandes atores e
grupos e lembrando os profissionais mortos, à causa inclusive da Covid-19.
Sendo o júri constituído por Bia Radunsky, Carmen Luz, Daniel
Schenker, Lionel Fischer, Macksen Luis, Tania Brandão e Wagner Corrêa, além do
meritório suporte do colegiado da APTR.
Destacando-se pela diversidade de gêneros e tendências, num panorama de abrangência
nacional, a seguinte premiação:
Espetáculo Inédito ao
Vivo
Jacksons do Pandeiro - pela Cia Barca dos Corações
Partidos (RJ) - Direção Duda Maia
Tudo Que Coube numa VHS - Cia Magiluth (Pernambuco)
Espetáculo Inédito Editado
Sigo de Volta – Direção Leticia Cannavale (São
Paulo).
Espetáculo Adaptado ao
Vivo
Contrações – Direção Grace Passô – (São Paulo)
Espetáculo Adaptado
Editado
Habite-me - Teatro de Máscaras, Dança e Bonecos -
Direção Paulo Balardim - ( RS)
Processo Julius Caesar - Cia dos Atores – Direção Rafael
Gomes (RJ)
Jovens Artistas –
Troféu Manoela Pinto Guimarães
Elenco Negra Palavra /Solano Trindade (RJ)
Prêmio Especial : Fábio Porchat
Wagner
Corrêa de Araújo
Renata Sorrah e Marco Nanini. Os carismáticos atores/apresentadores do 15º Prêmio APTR. |