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O CAVALEIRO DA ROSA / TMSP |
Blog independente (www.operaeballet.blogspot.com.br) interligado a uma rede de oito blogs, exclusivamente voltados à divulgação e à
opinião crítica, com a participação colaborativa de alguns dos maiores
especialistas nestas linguagens artísticas (ópera, dança, música de concerto).
Entre eles Ali Hassan
Ayache, o idealizador e responsável por este valoroso veículo virtual
dedicado ao registro opinativo de todas as manifestações da ópera, da dança e
da música de concerto no País.
A seguir, as nossas indicações do Melhor e do Pior dos espetáculos de 2018, a partir de críticas de ópera e dança publicadas no blog OPERA & BALLET.
PIOR ESPETÁCULO DE
ÓPERA
Uma equivocada proposta estética de substrato futurista de Um Baile de Máscaras no Municipal do Rio, sob efeitos computadorizados no ideário
de Pier Francesco Maestrini, e que poderia seduzir pelo inusitado mas decepcionou
pelo resultado pretendido, para uma partitura verdiana controvertida em sua
transmutação temporal/ galática. Diluindo o dimensionamento psicológico dos personagens pelo
carregado sombreamento do desenho de luz e pelas visualizações numéricas e
cronológicas que ora remetem, sem disfarce, aos efeitos de uma tela virtual.
Com um acentuado sotaque kitsch nos
traços néon da indumentária escura lembrando ambiências de pistas clubber ou de desfiles carnavalescos.
PIOR CANTOR SOLISTA
O desequilíbrio do elenco protagonista no Baile de Máscaras (TMRJ) onde a convicta tessitura dos brasileiros atende às
exigências de seus papeis e transforma em ‘um arremêdo o “ascensional” talento
do tenor italiano Leonardo Caimi (como
Gustavo). Com alcance abafado, ausência de coloração, desde sua romança
inicial, e sem qualquer indício de “crescendo” nas cenas sequenciais.
PIOR ESPETÁCULO DE
DANÇA
O Ballet du Capitole de Touluse, com o espetáculo Nos Passos de Nureyev foi anunciado como uma retomada de alguns momentos capitais
da trajetória de Nureyev, cada número
dando esperança de que, certamente, haveria ali uma memorável representação. Sem
servir de autenticado referencial, mesmo com seu elogiável
propósito/tributo, a um dançarino
apolíneo, padrão entre a fisicalidade masculina erotizada e uma sensitiva
gestualidade quase feminina, o Ballet du
Capitole de Toulouse, com mais
erros que acertos, tornou, enfim, pálida a lembrança dos passos de Nureyev.
MELHOR DIREÇÃO DE CENA
A resposta está exemplificada nesta La Traviata do TMSP, coerente na tradição sintonizada com a
contemporaneidade em encenação assumida, com raro brio, pelo experimentado
comando teatral de Jorge Takla. Que,
mais uma vez, trouxe para o universo musical da ópera a exploração do
componente formal (dramático/gestual) necessário à progressão da narrativa e ao
devido retrato psicofísico dos personagens.
MELHOR CENÁRIO E MELHOR
FIGURINO
La Traviata foi exponencial em seu conjunto, desde
a concepção dos imponentes mas funcionais cenários de Nicolás Boni à unicidade requintada dos figurinos (Cássio Brasil) através de equilibradas
nuances em tecidos e cores combinando, sem nunca cair no mau gosto, com a
mascaração, no visagismo e no uso dos acessórios.
MELHOR ESPETÁCULO DE
DANÇA
Temporada Paulista –
SPCD (São Paulo Cia de Dança)
Revelando os sérios propósitos e os avanços estilísticos de
um grupo brasileiro de dança, provocativo de sólida convivência da tradição
clássica à contemporaneidade, através de obras mestras destas duas tendências.
Sempre sob o olhar artesanal e o comando seguro de Inês Bogéa, via sua incrível
trupe de 30 bailarinos. À diretoria artística da SPCD não falta inteligente arrojo ao privilegiar, num mesmo
espetáculo, três obras de Marco Goecke, coreógrafo sob a
prevalente marca criativa de reiterativa linguagem gestual, entre o automatismo
simétrico e a mecanicidade nervosa.
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SPCD (SÃO PAULO CIA DE DANÇA) - Programa Marco Goecke |
Temporada Carioca – FOCUS CIA DE DANÇA
Em seus quase vinte anos, esta Cia, através de seu coreógrafo - diretor Alex Neoral e de seu
consistente elenco de oito bailarinos, vem priorizando um alentado desdobrar-se
na busca de novas perspectivas para a criação coreográfica brasileira.
Com Still Reich,
por sua Focus Cia de Dança, Alex
Neoral e seus oito bailarinos conduzem a performance, ora na sequencialidade
energizada de entradas e saídas, ora nas sensoriais formações grupais. Interpelando,
no entremeio de um rígido jogo gestual de padrões, ora geometrizados ora
abstratos, as relações de movimento dos bailarinos com o preenchimento do
espaço cênico.
Temporada Internacional – ROMEU E JULIETA/BALLET DE SANTIAGO
A programação, de substrato clássico, alcançou seu melhor
momento na representação do Ballet de
Santiago para o Romeu e Julieta, original de Cranko, na perfeita sintonia de elementos
técnico/artísticos com segura atuação do elenco. Sabendo, sobretudo, acentuar
na gestualidade e nas caracterizações, a carga de expressividade teatral que a
coreografia propicia aos bailarinos. Numa bela proposta sob o comando de Márcia
Haydée, com raro equilíbrio entre técnica e emoção, teatro e dança.
REVELAÇÃO LÍRICA-MASCULINO, REVELAÇÃO LÍRICA-FEMININO
No confronto com a representação dos papéis protagonistas,
mais uma vez alguns solistas brasileiros mostraram folego maior e convicção
apurada na competição do habitual ringue das vozes estrangeiras convidadas.
Como em Turandot, a
irradiante atuação da soprano Gabriella
Pace (Liú) e seu consistente timbre capaz, sempre, de preencher as
exigências de sua personagem. Sem deixar de destacar a força dos graves na
tessitura do baixo Luiz Ottavio Faria
(Timur) ainda que em episódicas entradas.
MELHOR ORQUESTRA-MELHOR REGENTE
Com recursos de perfeccionismo sinfônico, elementos
estilísticos que a montagem de O
Cavaleiro da Rosa, como segundo espetáculo da Temporada Lírica 2018 do
Municipal paulista, soube explorar com sensível e avançado senso artístico.
Desde a primorosa leitura do maestro Roberto
Minczuck atenta à escrita
straussiana e sabendo alcançar o tônus idealizado do volume orquestral para
privilegiar os cantores de um elenco, com prevalência expressiva entre os solistas convidados, ao lado do Coral Paulistano e da Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo.
MELHOR CANTORA SOLISTA
Numa encenação multifacetada de quase vinte
personagens no Cavaleiro da Rosa, alguns deles em alternância de papéis, os destaques ficaram com o
quarteto de protagonistas. Seguindo-se, no naipe feminino, a postura exponencial em transmutações teatrais de Luisa Francesconi no papel de Octavian, assim como no timbre incisivo
e na segurança de uma voz admirável de mezzo-soprano.
MELHORES REGISTROS (
DVDs /Blu-rays) DE ÓPERA E DANÇA
A maior surpresa em registro de espetáculos coreográficos
foi o Blu-ray que marcou as
comemorações do centenário de nascimento de Leonard Bernstein – BERNSTEIN CELEBRATION – com três novas
criações para o Royal Ballet de Londres.
Yugen em inventiva incursão de Wayne McGregor, a partir de fragmentos do Chicester Psalms, onde o brilho maior está no contraponto energizado
dos solos vocais da composição musical com as performances individuais e
formações grupais dos bailarinos. Seguindo-se The Age Of
Anxiety numa abordagem coreográfica de caráter narrativo, com realismo cenográfico, na concepção de Liam Scarlett tendo a participação de seis
solistas, visualizando expressivos encontros erótico/amorosos em um bar noturno.
E, em Corybantic Games,
com maior coragem na exploração investigativa da corporeidade e do movimento,
numa proposta abstrata com o olhar armado na vanguarda do universo coreográfico. Por Christopher Wheeldon, com base na Serenata (Corybantic Games) do celebrado compositor americano.
Wagner Corrêa de Araújo
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LA TRAVIATA/ TMSP |