ESTES FANTASMAS: COMÉDIA DA VIDA ENTRE SOMBRAS


FOTOS/DESIRÉE DO VALLE


O esforço desesperado que o homem faz na tentativa de dar à vida um sentido qualquer, é teatro”(...) A minha verdadeira casa é o teatro, lá eu sei precisamente como me movimentar, o que fazer: na vida sou um desabrigado”.

E o oficio teatral foi desde os 14 anos a sua própria razão de ser, desde o convívio com uma mãe costureira de figurinos cênicos aos dois irmãos atores com os quais formou a Sociedade De Filippo. Considerado o Molière da contemporaneidade, além de ator e dramaturgo,  Eduardo De Filippo também alcançou altos voos como cineasta.

E seu grande salto inventivo acontece pelo assombramento mágico ao assistir Seis Personagens em Busca de Um Autor, tornando-se muito próximo de Pirandello e suas teorizações dramatúrgicas entre o ser e o parecer; entre o ator e o homem no ato da representação no palco da vida.

Este conceitual entre o verismo e o delírio, entre o cômico e o patético, entre enganos e verdades, marca as alternâncias da narrativa dramática de Estes Fantasmas, encenado em 1946 e filmado sob seu comando diretor em 1954.

E que anima uma temporada carioca em tempo de crise, dando continuidade à Trilogia Eduardo De Filippo, na acurada e artesanal idealização, tradução e teatralização de Sérgio Módena, com prestigiosos elenco e equipe técnico/artística.

O casal Pasquale ( Thelmo Fernandes) e Maria( Ana Velloso) muda-se para uma antiga residência senhorial napolitana onde, instigado pelo porteiro Rafaele (Alexandre Lino), acredita nas fantasmagorias do prédio e no espectro beneficente de Alfredo( Gustavo Wabner) , o corpóreo amante de sua consorte.Com as intervenções de personagens incidentais (Stella Freitas, Celso André e Rodrigo Salvadoretti) ou alternativos ( por parte do elenco protagonista).

Na dubiedade de caráter assumida , Thelmo Fernandes imprime uma sutil nuance pirandelliana ao dimensionamento psicológico de sua personificação,  entre o falso e o real, o fingimento  e a malícia.  Em similar postura, mas assumidamente rascante, um mix de ingenuidade e esperteza marca a espontânea fluência de Alexandre Lino na exploração de sua linha incisiva de comicidade.

Uma presencial veemência, mais uma vez, destaca as episódicas passagens de Stella Freitas, enquanto Ana Velloso  supre com emotividade  sua atuação. Gustavo Wabner e Celso André tem unidade interpretativa sabendo como traçar bem a condução mais discricionária de suas performances e Rodrigo Salvadoretti sofre a natural limitação de seus papéis.

Os figurinos   ( Mauro Leite) e  a cenografia(Doris Rollemberg) revelam uma elegância decadente com um gosto sintonizado em tempos idos. O acerto de uma trilha incidental de Marcelo Alonso Neves, com um perceptível tom nostálgico , acentua a fantasmagoria de um casarão  mergulhado num desenho de luz(Tomás Ribas) entre sombras.

Fica, aqui, diante de uma irradiante teatralidade,  um referencial reflexivo na problemática de nossos dias, com tantos dissabores sociais  e desilusões políticas:

Identificando-se com estes personagens de almas atormentadas, perdidas, irrequietas, negras e tristes (assim qualificados por Eduardo De Filippo) talvez, para encontrar soluções cívicas , tenhamos, sabe-se lá, que recorrer , também, a Estes Fantasmas ...

                                             Wagner Corrêa de Araújo


 ESTES FANTASMAS esteve em cartaz, no Teatro Sesc Ginástico,Centro/RJ, até este domingo, 30 de julho, às 18h.  90 minutos.

CÃO SEM PLUMAS: DANÇANDO NA LAMA


FOTOS/CAFI

Na paisagem do rio difícil é saber onde começa o rio; onde a lama começa do rio; onde a terra começa da lama; onde o homem, onde a pele começa da lama; onde começa o homem naquele homem”.

A palavra poética e imagética de João Cabral de Melo Neto volta a assombrar com suas conjunturas mágicas o palco coreográfico. Desta vez com a mais recente criação da Companhia de Dança Deborah Colker – Cão Sem Plumas.

Publicado em 1950 quando de Barcelona, no exercício de seus ofícios consulares, o poeta se iluminou em  “palo seco” com os contrastes/conflitos do homem/caranguejo, na ríspida paisagem do mangue emoldurando a sequidão  fluvial do rio Capibaribe.

E é este elemento metafórico e racional, simbólico e verista, entre a plasticidade insólita e o emotivo em corte laminar, que inspirou a transmutação dos 51 versos seriais  cabralinos em incisiva sequência coreográfica em oito movimentos.

Numa pulsão de linguagens artísticas, integraliza-se em mote único o encontro das estetizadas imagens cinematográficas de Cláudio de Assis com a fisicalidade gestual na idealização de Deborah Colker . 

Ampliada  nos sofisticados acordes pernambucanos da trilha percussiva de Jorge Du Peixe e Lirinha, unindo as sonoridades no maracatu e no coco , do manguebeat  aos efeitos acústicos/eletrônicos de Berna Ceppas.

E enriquecida com o minimalismo funcional das mutáveis estruturas de madeira capazes de extrapolarem das projeções fílmicas objetos realistas, metamorfoseando caixas em  barcos e palafitas, em mais uma das surpresas inventivas de Gringo Cardia.


Que se estende aos simbióticos figurinos( Cláudia Kopke) androginizando os bailarinos no sugestivo mix de lama colada a pele, ressaltados nas transcendências luminares de Jorginho de Carvalho.

Apostando em novas explorações do movimento, mais distanciado dos repiques acrobáticos, a coreografia revela traços da dança urbana com incidências regionalistas e sutis referências clássicas como pontas na lama. Além de incursionar por camaleônicas transformações animistas na representação entre homens, plantas, garças e caranguejos.

Se de um lado o atletismo e a robustez de corpos conflitua  numa ambiência inóspita de fome e seca, há uma sinergia expressiva no contorno da dor e do espanto. Irradiada na corporeidade enlameada onde cada gesto conduz, na organicidade da performance, a um visual barroquista  entre a poesia e o caos.

Nesta sintaxe lógica e sensorial entre a poesia, o cinema, a música e a dança, há apenas um reparo sobre as palavras e os versos do poeta quase inaudíveis neste caudaloso encontro artístico,diante da potencialização da sua partitura sonora. O que, assim, tornaria mais perceptível o teor conceitual da narrativa cênico/coreográfica, evitando qualquer risco de reiteração monocórdia na materialização do imagético.

No mais,  a expectativa pela prometida versão documentária do espetáculo capaz não só de registrar um momento pulsante de nossa criação cultural. E, indo além de sua temporalidade, pela sincrônica identidade referencial, no vislumbre de denúncia da viscosa e lamacenta problemática social e política vivenciada neste seco agora.

                                        Wagner Corrêa de Araújo



CÃO SEM PLUMAS , com a Cia de Dança Deborah Colker, está em cartaz no Theatro Municipal /RJ, quinta e sexta, às 20h30m; sábado, às 17 e às 20h30m;domingo, às 17h. 70 minutos. Até 30 de julho.

A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER: VITÓRIA CONTRA O SILENCIO


FOTOS/MILTON MONTENEGRO

Uma pessoa fica mais exposta e se revela mais, acima de tudo, na guerra e, talvez, no amor. Até no que é  mais profundo, até as camadas de baixo da pele. Diante da face da morte, todas as ideias empalidecem e se revela a eternidade quase incompreensível para a qual ninguém está preparado”.
No contraponto do domínio masculino e numa singular percepção conceitual e sensorial do pensar sobre a guerra, o livro da prêmio Nobel 2015 Svetlana Aleksiévitch inspira a versão teatral, em similar  nominação, de A Guerra Não Tem Rosto de Mulher. Numa concepção dramatúrgica  a oito mãos, do tríptico performático (Carolyna Aguiar, Luisa Thiré e Priscilla Rozenbaum) e do comando diretorial de Marcello Bosschar.
A progressão dramática acontece com os mesmos atributos da narrativa original,  entre o relato jornalístico e a escrita literária, com uma transposição limitada a 40 depoimentos de mulheres/combatentes no front soviético/nazista.
Num polo oposto ao Aristófanes  da clássica Lisístrata, A Greve do Sexo, aqui as mulheres não assumem a belicosidade num ato de protesto anti-guerra mas contam sua experiência existencial na Segunda Guerra Mundial. Sempre pela ótica de sua corajosa participação nos campos de batalha, desafiando a estabelecida prevalência do homem na universalidade histórica de todas os conflitos entre armas e nações.
Em que o desafio à feminilidade nunca é motivo de vergonha mas  de orgulho,  ao portarem uma indumentária masculinizada nas grosseiras botas, rústicos macacões e até largas e deselegantes peças intimas , capazes de realçar mais a cor de seus ciclos menstruais. Transmutando-se de noivas, esposas e mães, em enfermeiras, franco atiradoras e guerreiras da resistência civil.
Priorizando uma encenação de absoluto despojamento , a direção de Bosschcar enfatiza o presencial físico e o dimensionamento psicológico de mulheres em estado de guerra enquanto irradiantes atrizes e personagens. Desdobrando-se na sintonia da cativante entrega de Luisa Thirê, Priscila Rozembaum e Carolyna Aguiar( esta, ainda, no preparo corporal) ao ato da representação.
Perceptível, assim,  no teor confessional de cada papel , desde a exacerbação das nuances emotivas , carregadas de sensitivas revelações no enfrentamento dos desalentos existenciais, à ambiguidade de híbridos gestos no contar histórias de usurpação do status comportamental feminino.
Neste quase teatro/dança, filigranado nos efeitos do desenho de luz (Aurélio de Simoni)  e na essencialidade dos figurinos(Kika Lopes) , destaque para o requintado score sonoro/musical(M. Bosschar) com passagens da Sinfonia "Titã" de Mahler e da ópera Kepler de  Philip Glass ,no entremeio de ruidosas explosões e roncos de motores, ao epílogo celebrativo numa energizante coreografia de sotaque pop/rock.
Onde, mesmo sem o escape de aproximação quase monocórdia de uma reiterativa linha dramática, há uma indagação reflexiva , muito além da vitória no front,  sobre a quebra do silencio de vidas quase inteiras, nos sofridos depoimentos destas mulheres que ajudaram, afinal,  a escrever a história de uma guerra sem rosto... 

                                          Wagner Corrêa de Araújo


A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER está em cartaz no Teatro Poeira, Botafogo, de quinta a sábado, 21h; domingo, às 19h. 90 minutos. Até 27 de agosto.

DOIS AMORES E UM BICHO: OPORTUNO ALERTA EM TEMPO DE POUCA PAZ

FOTOS/RODRIGO CASTRO

A primeira particularidade, em mais uma  montagem de Dois Amores e um Bicho, está na oportuna encenação de um dos mais conceituados autores contemporâneos da Venezuela - Gustavo Ott .

Isto representa, ainda, uma necessária identificação pela  dramaturgia latino americana que, com exceção dos autores argentinos se expandindo bem entre nós, é tão rara em nossos palcos. 

Além de revelar um teatro com forte viés político/social, ao enfocar temas tão atuais e próximos de nossa realidade como a violência, a defesa da natureza e a homofobia, convivendo, lado a lado, com o descrédito total nas instituições políticas.

E que, na situação específica do país vizinho,  vem se agravando potencialmente desde o exílio voluntário do dramaturgo nos Estados Unidos, com a flagrante violação às noções mais básicas dos direitos humanos e do desrespeito à feliz convivência com os outros seres vivos.

Onde a visita dos pais, Pablo ( Lucas Gouvêa) e Karen (Adriana Seiffert) à filha Carol (Julie Wein), trabalhando como veterinária num jardim zoológico, detona um processo de traumática memória familiar. Aqui numa concepção singularizada de fusão sensorial de elementos técnico/artísticos de acurado esteticismo com o visceral apelo temático  da trama dramatúrgica.

Ao indagar pelos motivos isolacionistas  de um orangotango numa gaiola, Pablo  se vê diante da mesma situação regressiva ( contra o molestamento entre animais do mesmo sexo) que o levou à prisão. Por ter matado, a pontapés, numa pulsão de ódio e falso moralismo, o seu cão de estimação (quando descoberto, em similar status de fisicalidade, com outro canino).

Este ímpeto de raiva e rejeição teve como pano de fundo, simultâneo, a cruel morte de crianças numa escola, em possível atentado terrorista à bomba. A partir deste trágico factualismo, o roteiro dramatúrgico se estrutura na dualidade violência e preconceito, conduzindo a uma irracional e sofrida batalha verbal, de psicologismo físico/emotivo, entre pais e filha.

A cenografia(André Sanches) acentua o aspecto prisional na metaforização , via caixas e  gaiolas , sinalizada por todos os ângulos do palco em dúplice ambiência, casa e zoológico. Com figurinos(Raquel Theo) recatados e propícios a um desenho de luz(Renato Machado), como num teatro de sombras, sugestionando silhuetas de animais enjaulados.

Entre dialetações questionadoras e solilóquios nervosos, há um maior domínio cênico dos personagens paternos e mais sóbria interpretação da jovem filha(Julie Wein),esta se configurando  mais na imanente representação do alterego musical como instrumentista(violoncelo/ teclado), em envolvente percurso sonoro proposto por Felipe Habib.

Dois Amores e um Bicho equilibra sua minimalista concepção visual com um surpreendente estilismo teatral pelo olhar diretor de Danielle Martins de Farias,  que segue sua dinâmica textual a partir do original, sem recorrer ao desdobramento personalístico (como na versão de 2014) além do tríplice elenco.

Na materialização de um comportamento conflituoso entre o conceitual de uma ética sem aberturas e uma ideologia política entre grades (na simbologia do animal prisioneiro) há um protagonismo quase absoluto do personagem masculino. O que em parte esmaece, apesar de uma visível entrega , a atuação presencial nas duas performances femininas.

Aqui Lucas Gouvêa explora seu desempenho, com verdade interior e extravasamento gestual ( destaque-se uma proveitosa frequência de Toni Rodrigues na criação de movimento,  nesta atual temporada carioca), imprimindo sólidas nuances dramáticas ao seu papel.

Num convicto  carregamento de um componente interpretativo , de denúncia e contraponto crítico, em significante e  simbiótico referencial à humanização/animalização dos habitantes do planeta Terra.

O que não deixa, afinal ,  de remeter ,reflexivamente, a um ancestral enunciado filosófico  do processo civilizatório :

Quanto mais se conhece o homem, mas se estima os animais”.

                                     Wagner Corrêa de Araújo





DOIS AMORES E UM BICHO está em cartaz no Sesc/Copacabana, sexta e sábado, às 19h; domingo, às 18h. 80 minutos. Até 30 de julho.

SUASSUNA-O AUTO DO REINO DO SOL: FEÉRICA ÓPERA POPULAR

FOTOS/MARCELO RODOLFO

Tragicomédia lírico-pastoril, drama cômico, farsa de moralidade e facécia de caráter bufonesco” . Palavras de Ariano Suassuna que podem, também, servir de referencial para esta feérica incursão da Cia Barca dos Corações sobre seu mítico universo memorial e armorial.

Suassuna- O Auto do Reino do Sol, assim, em seu formato de encenação, estabelece pontes entre um tributo biográfico/literário e uma fabulação dramatúrgica com nuances de teatro musical e ópera popular nordestina.

Nesta delirante e enérgica teatralidade configura-se ainda uma síntese do imaginário  que une o legado medieval ibérico aos ofícios criativos dos brincantes, cordelistas e mamulengos,  às pantomimas circenses e aos recursos da narrativa mambembe.

Expressando em inventiva e transcendente apropriação suassúnica a organicidade da escritura cênica e, numa mesma e irresistível pulsão, do brilho da textualidade de Bráulio Tavares à sua irradiante materialização no palco, pelo comando diretorial de Luís Carlos Vasconcelos.

Com uma convicta e rompante competência artesanal nos seus elementos técnico/artísticos. Perceptível na metafórica simbologia cenográfica (Sérgio Marimba) e indumentária(Kika Lopes/Heloísa Stockler), entre a medieval trajetória dos saltimbancos e das mambembes trupes circenses/teatrais  do nordeste brasileiro, em efusiva aproximação da ancestralidade historicista à contemporaneidade regionalista.

Completando-se o  impacto plástico no desenho de luzes (Renato Machado)contrastantes, nos entremeios tonais  de claridades vazadas e explosões aquareladas.

Fazendo sobressair o enérgico componente da linguagem corpórea (Vanessa Garcia)na adequação  da fisicalidade ao delineamento emotivo e no contraponto rítmico de inebriante trilha sonora autoral(Chico César/Beto Lemos/Alfredo Del Penho).

Falando desta vigorosa dramaturgia coletiva ,plena de acertos estéticos,chega a vez de um elenco que se atira, com sangue e alma, rigor interpretativo e liberdade instintiva na representação de quadros e personagens.

Com alcance de tessituras operísticas tanto nos arroubos vocais de Adren Alves, no seu emblemático presencial nos papéis de Sultana e D. Eufrásia, nas mirabolâncias tenorísticas de Ricca Barros( o Major Antonio Moraes) como nos duetos de amor de líricos timbres no canto de Rebeca Jamir e Alfredo Del Penho.

E , ainda, na espontaneidade das  improvisações  e acrobacias circenses de Eduardo Rios e Renato Luciano e nas estripulias burlescas de Fábio Enriquez. Sem esquecer as intervenções nunca menos surpreendentes de Beto Lemos, Chris Mourão e Pedro Aune.


Em absoluta entrega aos personagens e ao oficio criador, esta expansiva trupe  de múltiplos talentos vocais,instrumentais, teatrais e circenses, faz, enfim,  de Suassuna – O Auto do Reino do Sol o musical mais barroco , luminoso  e viajante no agora dos palcos cariocas. 

                                                Wagner Corrêa de Araújo


SUASSUNA - O AUTO DO REINO DO SOL está em cartaz no Teatro Riachuelo,/Centro/RJ, de quinta a domingo, às 20h30m. 120 minutos. Até 20 de agosto.

PRÊMIO BOTEQUIM CULTURAL DE TEATRO 6a EDIÇÃO




O corpo de jurados do 6º Prêmio Botequim Cultural, composto  por Daniel Belmonte, Gilberto Bartholo, Wagner Correa de Araújo, Zé Helou e Renato Mello, se reuniu na noite do dia 10 de julho para escolher os espetáculos, artistas, criadores e técnicos indicados no 1º semestre de 2017 ao Prêmio Botequim Cultural de Teatro.

Nos primeiros dias de janeiro de 2018 será decidido pelo mesmo júri os indicados do 2º semestre,  em seguida se iniciará a escolha dos vencedores finais por meio de votação popular.


Importante destacar que para estar habilitado é preciso ter realizado até o dia 30 de junho o número mínimo de apresentações exigido no regulamento (link aqui: botequimcultural.com.br).

Mínimo de 8 apresentações, em caso de dias alternativos (2ªs,3ªs e 4ªs feiras), um mínimo de 12, se ocorrer em “dias nobres” (5ªs e 6ªs feiras, sábados e domingos), e 6 apresentações para espetáculos infantojuvenis.


Caso o espetáculo só tenha completado o número mínimo após 30 de junho(mesmo que tenha estreado anteriormente), sua habilitação e apreciação pelo júri  se dará somente no 2º semestre.


Os vencedores de cada categoria receberão a estatueta em bronze criada por Edgar Duvivier.

Melhor Espetáculo
– Ela
– O Pão e a Pedra
– Tom na Fazenda

Melhor Direção
– Kiko Marques(Sobre Ratos e Homens)
– Paulo Verlings(Ela)
– Rodrigo Portella(Tom na Fazenda)

Autor(Original/Adaptado)
– Marcia Zanelatto(Ela)
– Michel Melamed(Monólogo Público)
– Sérgio de Carvalho(O Pão e a Pedra)

 Ator
– Armando Babaioff(Tom na Fazenda)
– Edwin Luisi(Alair)
– Luís Lobianco(Gisberta)

Atriz
– Carolina Pismel(Ela)
– Débora Falabella(Love, Love, Love)
– Yara de Novaes(Love, Love, Love)
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TEATRO MUSICAL

Melhor Espetáculo
– Cartola
– Janis
– Vamp, o Musical

Melhor Diretor
– André Paes Leme(Um Amor de Vinil)
– Diego Morais(Vamp, o Musical)
– Sérgio Módena(Janis)

Melhor Autor(Original/Adaptado)
– Diego Fortes(O Grande Sucesso)
– Hugo Sukman e Marcos França(Deixa a Dor Por Minha Conta)
– Walter Daguerre(Josephine Baker, a Vênus Negra)

Melhor Ator
– Flavio Bauraqui(Cartola)
– Ivan Vellame(Deixa a Dor por Minha Conta)
– Marcos Tumura(Forever Young)

Melhor Atriz
– Aline de Luna(Josephine Baker, a Vênus Negra)
–  Carol Fazu(Janis)
– Vanessa Gerbelli(Forever Young)
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TEATRO INFANTOJUVENIL

Melhor Espetáculo
– Casa Caramujo
– Tra Lá Lá
– Romeu e Julieta, do Nosso Jeitinho

Melhor Direção
– Ana Paula Abreu(Tra La Lá)
– Gustavo Paso(Casa Caramujo)
– Leonardo Simões(Mário, Mar e o Amor)

Melhor Autor(Original/Adaptado)
– Aline Marosa e Marco dos Anjos(Alfaiate de Palavras)
– Gustavo Paso(Casa Caramujo)
– Vanessa Dantas(Tra La Lá)

Melhor Ator
– Leandro Castilho(Tra La Lá)
– Leonardo Miranda(Tra La Lá)
– Marcio Nascimento(Casa Caramujo)

Melhor Atriz
– Ana Bello(Tra La Lá)
– Barbara Abi-Rihan(Tagarelando)
– Nina Pamplona(Alfaiate de Palavras)
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ATOR/ATRIZ EM PAPEL COADJUVANTE(sem distinção de segmento)

Ator Em Papel Coadjuvante
– Gustavo Vaz(Tom na Fazenda)
– Rodrigo Pocidônio(Adeus, Palhaços Mortos)
– Roberto Borenstein(Sobre Ratos e Homens)

Atriz Em Papel Coadjuvante
– Camila Nhary(Tom na Fazenda)
– Kelzy Ecard(Tom na Fazenda)
– Patricia Elizardo(Ela)
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CATEGORIAS TÉCNICAS(sem distinção de segmento)

Direção Musical
– Lucio Zandonati(Gisberta)
– Marcelo H(Tom na Fazenda)
– Rodrigo Geribello(Morte Acidental de um Anarquista)

Cenografia
– Aurora dos Campos(Tom na Fazenda)
– Mina Quental(Ela)
– Sérgio Marimba(Monólogo Público)

Figurino
– Bruno Perlatto(Tom na Fazenda)
– Fabio Namatame(Sobre Ratos e Homens)
– Lessa de Lacerda(Vamp, o Musical)

Iluminação
– Fernanda Mantovani e Tiago Mantovani(Ela)
– José Roberto Jardim e Paula Hemsi(Adeus, Palhaços Mortos)
– Tomás Ribas(Alair e Tom na Fazenda)


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PRÊMIO ESPECIAL(Artista ou manifestação relevante ao cenário teatral carioca)

– Amir Haddad – em comemoração aos 80 anos de vida, pela trajetória artística, criação do grupo de teatro Tá na Rua e pelo seu teatro de resistência.

– Artesanal Cia de Teatro – pelo lançamento do catálogo em comemoração aos seus 21 anos, incluindo CD de audiodescrição possibilitando a acessibilidade ao conteúdo, registrando a trajetória da companhia e o trabalho de linguagem desenvolvido.


– Professor Carlos Alberto Serpa – pela dedicação às artes cênicas,  incentivo à formação de novos profissionais e construção de espaços teatrais na cidade


Reunião do Júri do Prêmio Botequim Cultural para escolha dos indicados do 1o semestre: Daniel Belmonte, Gilberto Bartholo, Renato Mello, Wagner Corrêa de Araújo e Zé Helou. 

HAMLET: DE OLHAR ARMADO NA CONTEMPORANEIDADE


FOTOS/JOÃO GABRIEL MONTEIRO

Hamlet na sua resistência atemporal foi sempre além de seu universo originário com sua problemática existencial.  O que o distancia do paradigma do clássico herói grego comandado ,  indelevelmente, pelas forças de um destino superior. Enquanto o personagem shakespeariano é desafiado e derrubado pelos conflitos de sua própria subjetividade e de sua dúvida anti-heroica  ,   ainda que pela pulsão de uma força fantasmagórica.

E nisto reside certamente a sua permanente atualidade pois seus conflitos e questionamentos o aproximam sempre do homem contemporâneo. Sem nenhum anacronismo possibilitando, assim,  nesta sua inserção na realidade dos tempos modernos, um possível compartilhamento , em similar élan emotivo de  seus espectadores, do entremeio secular aos albores do terceiro milênio.

Abrindo ,  indefinidamente, com suas diversas releituras, um absoluto prisma de análises e reinterpretações nos diversos campos do saber humanitário . Numa metalinguagem  do  ser ou não ser  objeto do  seu próprio  destino  confrontado   por   acontecências metafísicas.

Capaz assim de impulsionar a recriação ficcional de personagens moldados em seu substrato teatral, ruminar teorias psicanalíticas no tríptico relacionamento pai-mãe-filho ou  desnudar as falácias éticas , as falências morais  e as podridões da sociedade e do poder político.

O Hamlet da Armazém Companhia de Teatro preenche, assim,  as expectativas diante de uma teatralidade de tamanha  solidez estética paralela à sua consistência como contraponto crítico , ao estabelecer pontes arrojadas com a contemporaneidade.

Tanto na sua inteligente versão dramatúrgica(Maurício Arruda Mendonça) como na sua materialização, de raro impacto inventivo, por seu comando diretor( Paulo de Moraes) . Na  busca de um dimensionamento de sua essência filosófica, psicológica e política na expressão do pesadelo shakespeariano, referenciado nos sustos e abusos do momento que estamos  vivendo como nação e cidadania.  

E onde  a dessacralização dos signos cenográficos  da tragédia original  ganha outros ares e outros conceituais, outrossim  capazes de incrementar a proposta assumida no seu  suporte técnico/artístico , no seu ato da performance e no seu recado reflexivo.

Perceptível no uso de elementos ambientais de temporalidade diversificada, em recortes estilísticos  que favorecem o clima da representação, dos figurinos (João Marcelino/Carol Lobato) à trilha sonora(Ricco Viana), com dignidade e bom gosto, misturando tendências e épocas.

Como  na plasticidade do cenário (Carla Berri/Paulo de Moraes), com um sotaque referencial de La Fura Dels Baus nos efeitos luminares (Maneco Quinderé) e nas projeções videográficas sob translúcida parede frontal em vidro . E ainda na extensiva quebra da quarta parede com a envolvência das episódicas atuações junto aos espectadores.

Nesta Elsinore que pode ser identificada com certa capital federal, as evoluções da fisicalidade com um gestualismo de dança/teatro ( em dúplice realização de Patrícia Selonk/Toni Rodrigues) alcançam prevalente visibilidade no afinamento enérgico e na postura presencial do  elenco.

Uma magia artesanal e uma potencialização de entrega  conduz cada um destes atores enquanto personagens . Na ambiguidade comportamental e moral de Claudius(Ricardo Martins) ao orar ou no seu discurso ao público , de microfone como nas falas oficiais, no disfarce dos atos de constatada venalidade.

Na indiferença maliciosa de Gertrudes (Isabel Pacheco) ou no cinismo pomposo de Polonius(Marcos Martins);ora  nas alternâncias entre  a fidelidade e  as traições, a apatia  e os favorecimentos, nas manipulações de sentimentos díspares, tanto em Laertes(Jopa Moraes) como em Horácio(Luiz Felipe Leprevost) .

Sem esquecer o personagem que mais parâmetros sentimentais  tem com o do protagonista titular (Hamlet) que é Ofélia(Lisa Eiras),em patética exposição da melancolia solitária, no sensorial solo de  vocalização musical fora do proscênio.

Nos meandros de um conturbado conflito interno, entre a vingança e a catarse,  diante da implacabilidade dos fatos que marcam a sua trajetória trágica, o icônico papel de Hamlet incorpora no feminino , em bela androginia visual com nuances de espiritual sensualidade das Joanas D”Arcs de Dreyer e Rosselini, em irretocável desempenho de Patricia Selonk.

Hamlet não perde a sua  força perene   neste  olhar armado na contemporaneidade e também não é afetado com os cortes e adaptações em sua estrutura dramatúrgica, com um pequeno incômodo apenas na sua fala mor (To be or not to be), num tom   abaixo de sua audível perceptibilidade.

É,enfim, um Hamlet irradiante em sua concepção transformadora e identificável,em emblemática transcendência universal , com qualquer um de nós no difícil  suporte da condição humana. Neste eterno embate do ser e do não ser que,  no pensar de Goethe, "sem a força sensível do herói, sucumbe sob uma carga  que não pode carregar nem jogar longe de si”.
                                  
                                           Wagner Corrêa de Araújo



HAMLET está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil,Centro/RJ,de quarta a domingo, às 19h. 130 minutos. Até 6 de agosto.

HAMLET, em nova temporada, no Teatro Sesi Centro/RJ, quinta e sexta, às 19h30m; sábado, às 19h. 130 minutos. Até 9 de dezembro.

FAUNA: METAFÓRICO JOGO DA REPRESENTAÇÃO



FOTOS/BRUNO DE MELLO

Um lance mallarmaico de dados onde a literatura é teatro e o teatro é uma narrativa ficcional, capaz assim  de pulsionar questionamentos e alumbramentos palco/plateia, num  clima enigmático de “vida que é sonho” e  de “ser ou não ser”, na representação do real e do imaginário em Fauna.

Que a escritora, dramaturga e atriz argentina Romina Paula referencia com citações literárias capazes de confundir e provocar outros significados conceituais, da passagem textual à sua corporificação cênica.

Fauna em tríptica simbologia ,do mundo animal ou do nominativo feminino do personagem que inspira a progressão dramática. Ou sugestionando um papel de mulher que pode se assumir como Fauna ou Fauno,  no desafio à prevalência social prepotente do elemento masculino.

E é assim que o cineasta José Luís(Eduardo Moscovis) chega com a atriz Júlia( Erika Mader) para os preparativos de filmagem a um local sem um claro enunciado. Com o propósito de abordar post mortem  o lado  rebelde e intelectual de Fauna através da reconstituição memorial de seus dois filhos, na erudição de  Maria Luisa ( Kelzy Ecard) e na rusticidade seu irmão Santos( Erom Cordeiro).

Mesmo com sutis elementos cenográficos (Fernando Mello da Costa) não há, propositalmente, nenhum indicativo perceptível de que ali é um set cinematográfico com os refletores, uma ambiência rural com feno espalhado ou , menos ainda, uma ambiência domiciliar.

Mas havendo sempre eficazes modulações de luzes(Renato Machado) ressaltando os figurinos (Antonio Guedes) e intervenções sonoras ( Marcello H) sintonizadas com a  fisicalidade gestual (Toni Rodrigues).

Visceral, provocador, incomodo ao desnudar identidades e gêneros na ambiguidade da transmutação entre o feminino e o masculino, entre verdades e mentiras sobre o falar do outro falando de si mesmo,aqui o processo interpretativo tem um sotaque pirandelliano de teatro dentro do teatro.  

Onde a singularidade  deste contraponto teatral instigante demora um pouco a sua plena expansão em cena. Mas é alcançada , enfim, no meritório empenho do dúplice comando diretorial (Erika Mader/Marcelo Grabowsky)pela busca de uma convincente gramática cênica.

Além da organicidade do elenco(Erika Mader,Eduardo Moscovis,Erom Cordeiro,Kelzy Ecard) no sustento do ritmo com envolvência presencial e dimensionamento psicológico,no entremeio do híbrido conflito de vontades e das mutações comportamentais  e de erotizaçao dos personagens.

Com destaque especial, pelo favorecimento certamente  de seus próprios papéis, na instintiva marginalização postural e rompantes verbalizações de Erom Cordeiro e na convicção introspectiva e na força sensorial de Kelzy Ecard ao assumir , como mulher, atriz e personagem,  o telúrico e metafórico encargo poético do Rilke de sua fala inicial:

No mundo ainda há muitos papéis a serem interpretados...

Por um instante, embevecidos, interpretamos a vida, sem pensar nos aplausos”.

                                             Wagner Corrêa de Araújo


FAUNA está em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal/Centro/RJ, de quinta a domingo, às 19h. 80 minutos. Até 16 de julho.

NA BOCA DO CÃO: ARIOSO RESGATE PSICANALÍTICO


FOTOS/ DALTON VALÉRIO

“As mulheres no palco da ópera cantam invariavelmente a sua eterna derrota” , este  é o enunciado e o  conceitual da alentada análise  musical e psicanalítica que Catherine Clément faz sobre o feminino na cena operística ( A Ópera ou a Derrota das Mulheres).

Mas as trágicas e fragilizadas  heroínas românticas, foram se transformando em protótipos afirmativos de um  domínio sedutor,  na intermitência  das pulsões fatalistas/voluptuosas de “Salomé”( R. Strauss) ou da “Lulu” (A. Berg) ou entre os  embates de crueldade ambiciosa  da "Lady Macbeth de Minsk”(D. Shostakovich).

E,em tempo de hoje na criação musical brasileira , através do processo da transmutação do feminino da “lama à flor de lótus”, no verismo existencial de uma passagem da infância  de uma atriz/cantora(Gabriela Geluda),na ópera de câmera “Na Boca do Cão”.

Que, em compasso de vocalismo arioso e de visceral fisicalidade, transfigura assim, em expositivo psicologismo  moral, o delirante medo da menina /mulher, em processo catártico, por ter sua cabeça em abissal aprisionamento entre dentes caninos.

Com gosto de sangue, vertigem e susto  retomados , entre a verdade e o imaginário, no libreto/poema de Geraldinho Carneiro e no sotaque de contemporaneidade operística do compositor carioca  Sérgio Roberto de Oliveira.

Conduzida em singular escritura musical  , de intimismo camerístico, mais reflexivo e menos dissonante, no trio clarinete/clarone ,violoncelo e percussão. Em onze movimentos destinados a voz solista de soprano(Gabriela Geluda) e trio , com apenas dois interlúdios instrumentais.

Alternando–se respectivamente nas apresentações, com exponencial maturidade e apuro interpretativo em solos, duos e conjunto,  Cristiano Alves/Cesar Bonan( sopros), Ricardo Santoro/Murillo Gandine(cordas) e Leo Souza/Rodrigo Foti (vibrafone/caixa). 

Dando vazão à sua anterior experiência  , no teor comunicativo dos shows de MPB em noitadas da Lapa, Sérgio Roberto de Oliveira vem se destacando, além fronteiras, com sua audaciosa guinada autoral na contemporaneidade da música brasileira de concerto.

Mantendo o olhar armado no lastro inventivo  mas  evitando sempre  a pecha do hermetismo experimental. Na perceptível acessibilidade melódica de seus  fraseados e acordes, entre cadencias reiterativas  de  prevalente tonalidade,  como é o caso desta sua presente incursão operística.

Integralizada , agora,  no alcance da sua progressão dramática, pelo instintivo comando conceptivo/diretorial  de Bruce Gomlevsky, aqui com um sutil referencial bauschiano de dança/teatro, com o seguro apoio do incisivo  gestual imprimido por Rocio Infante.

De sintonização cênico/musical , ampliada no sensitivo recato, entre luz e sombras, dos efeitos luminares (Elisa Tandeta),no minimalismo do  aporte cenográfico  (Fernando Mello da Costa),além do seu analítico figurino(Carol Lobato).

A situação limite da trama psicológica nos recortes do libreto/poemático(Geraldinho Carneiro) ,com fluência na expansão vocal e na imanente entrega psico/física a um personagem alter ego da protagonista, surpreende pela provocante e ardorosa representação de Gabriela Geluda.

Que ao lado do primado sensorial, do lúdico ao lúbrico na expressão do pânico, possibilita ao espetáculo um contraponto  critico, ora pelo cruzamento de linguagens artísticas ora no inusitado de uma performance operística tratada como uma cotidiana temporada teatral.
                                
                                       Wagner Corrêa de Araújo




NA BOCA DO CÃO está em cartaz, no Centro Cultural Banco do Brasil/Centro/RJ, de quinta a domingo, às 19h30m. 60 minutos. Até 30 de Julho.

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