FOTOS BY JANDERSON PIRES |
Poetas e cantadores já classificaram a travessia existencial cotidiana do
nordestino em dois momentos psicológicos – durante o dia a paisagem real da tristeza sem saída , à noite a paisagem do
sonho conduzindo à esperança.
É quando , afinal, acontece a partida “em nova vida explodida”
no duplo significado da poética cabralina, ou a solução pela morte ou a viagem para o futuro incerto na grande
metrópole.
O significativo projeto “Histórias de Vida, Histórias Reais”,
idealizado pelo ator/produtor Alexandre Lino, vai se desdobrar em três segmentos - livro, filme e peça. Sempre
reunindo narrativas documentais e confessionais de nordestinos em suas
vivências, ora sociais ora culturais,
nos maiores centros urbanos do País.
Como elo inicial propulsor, a peça Nordestinos com
dramaturgia de Walter Daguerre , um carioca (nordestino de adoção),ao lado dos
atores( Alexandre Lino,Erlene Melo,Paulo Roque, Rose Germano) e do diretor Tuca
Andrada, todos com o sangue da raça correndo nas
veias.
Compartilhando uma produção singela, onde o minimalismo dos
elementos cênicos é ,por si só, capaz de intensificar, em grande dimensão, a alma e o corpo, os corações e as mentes
desta brava e afetiva gente sertaneja.
Aqui, o aparato cenográfico
( Karlla de Luca) soube captar, em minuciosas filigranas a ambiência nordestina, através
de seus figurinos , biombos, telões e mamulengos. Onde as tonalidades
aquareladas são realçadas em luzes tão solares
( Renato Machado) quanto as do agreste.
Incluída , ainda, a precisa coerência da gestualidade ( Paula
Feitosa), identificada com as sutilezas dos maneirismos linguísticos e na vivacidade do score sonoro(Alexandre
Elias), sob clássicos recortes do cancioneiro regionalista .
A linguagem corporal e vocal, em busca do humor e da nostalgia,
revela sua emotividade na entrega absoluta dos
atores Alexandre Lino e Rose Germano, ora com suas próprias histórias de vida ora
com os “causos” de terceiros. Não ficando para trás, nesta linha
interpretativa, a pontual atuação de Erlene Melo e Paulo Roque.
A característica abordagem temática e a poesia do espetáculo alcançam
,enfim, a perceptível invenção estética na segurança do comando cênico de Tuca Andrada.
E, diante de um já vitorioso projeto de manutenção da
identidade nordestina, que seus mentores entoem, em orgulhosa unicidade com João Cabral , seu poeta maior:
“Nenhum nordestino é indiferente ao meio em que vive , em que
se criou”.
( NORDESTINOS está em cartaz no Teatro Sesi/Centro, quinta a sábado, às 19h30m. 70 minutos. Até 28 de novembro)
Nenhum comentário:
Postar um comentário