BEATLES NUM CÉU DE DIAMANTES: O SONHO NÃO ACABOU



Que curto-circuito cênico/musical é este capaz de lançar fagulhas elétricas de luzes transcendentais nos corações e mentes?

Pois é,já desde os idos de 2008, em sucessivas temporadas, aqui e além mar, incluída  a conquista do palco coreográfico mais carismático do mundo a Maison de la Danse em Lyon, Beatles Num Céu de Diamantes” continua sua emblemática trajetória sob o aplauso do público e da crítica.

Momento peculiar na trajetória dos musicais da dupla Charles Moeller/Cláudio Botelho, vem desafiando a instantânea temporalidade dos espetáculos teatrais quase no recorde de meio milhão de espectadores.

Em suas diversas retomadas, ora versões alongadas, ora pockets, ora repaginadas, continua sua mágica e misteriosa tour para  todas as idades, muito além do original fenômeno beatlemaníaco de mais de meio século.

Intimista e expressiva emocionalmente, entre  lamentos e explosões de alegria, esta reunião teatral de antológicas canções, ao lado de outras menos populares, do quarteto de Liverpool, prescinde de um roteiro dramatúrgico cronológico e narrativo.

Yesterday, Hey Jude, Let it Be, Yellow Submarine , Ticket to Ride, Lucy in the Sky with Diamonds, entre outras,ressurgem em iluminados arranjos ( Jules Vandystadt/Délia Fischer), com sotaque camerístico para um trio instrumental ( piano, violoncelo e percussão) e vozes harmonicas de um elenco privilegiado de músicos/cantores/atores ( Malu Rodrigues, Marya Bravo,Kacau Gomes, Estrela Blanco,Pedro Sol,Rodrigo Cirne,Sergio Dalcin, Jonas Hammar, Tony Lucchesi e Lui Coimbra).

Jogando criativamente através de diversas tessituras, entre o colorido soul e o alcance vocal quase lírico, ou nos brincantes naipes de diversas sonoridades musicais, entre solos e conjuntos instrumentais, com destaque especial para os arroubos cellistas de Lui Coimbra.

A superlativa direção de arte com seus figurinos de cores psicodélicas, o preciso desenho das luzes( Paulo Cesar Medeiros) e os elementos cenográficos (cadeiras, guarda-chuvas,papel picado,giz e bolhas de sabão) transportam o público a uma alquímica experiência artístico/ sensorial .

Completada na interação palco/plateia no extático epílogo musical de Lucy in the Sky With Diamonds, em sua lisérgica viagem pelos espaços siderais da mente:

“Imagine-se em um barco num rio/com árvores de tangerina e céus de marmelada “ e “flores de celofane amarelas e verdes/crescendo por sobre sua cabeça”...


( BEATLES NUM CÉU DE DIAMANTES está em cartaz no Teatro do Leblon, Sala Fernanda Montenegro, quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. Até 20 de dezembro)

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