FOTOS BY PAULA KOSSATZ |
Sob a égide inspiradora de Gil Vicente, de Antônio José da Silva e de
Molière aparece o iniciador da comédia de costumes brasileira – Martins
Pena(1815-1848).
Na instantaneidade de sua trajetória teatral deixou uma obra testemunhal que ainda incursiona por
nossos palcos, já nos albores do terceiro século completando , agora, o bicentenário de sua vinda ao mundo.
Sob a aparente ingenuidade de suas tramas rocambolescas
destacou-se pela singularidade de seu mix ironizado das nuances predominantes do teatro de então( ópera, comicidade burlesca,
vaudeville, drama romântico e realista).
Onde jamais abriu mão da verdade crítica , de dizer o que não era para ser dito , de rir de sua época, ainda que lhe chamassem apoquentador das práticas morais e sociais de seus contemporâneos.
E , mesmo com seus jogos verbais de dúplice sentido e seu coloquialismo sem disfarces , ainda assim sofreu cortes censórios e advertências jurídicas na classificação de “impudentíssimo”.
E , mesmo com seus jogos verbais de dúplice sentido e seu coloquialismo sem disfarces , ainda assim sofreu cortes censórios e advertências jurídicas na classificação de “impudentíssimo”.
Há que se destacar, outra vez, o empenho mais que meritório do diretor Daniel Herz e
suas maravilhosas "máquinas teatrais" - os “Atores de Laura", na incisiva caracterização de máscaras (Diego Nardes) e trajes quase clownescos ( Antonio Guedes)visualizando, estética e dramaturgicamente, "O Pena Carioca".
Na reunião de três exemplares peças clássicas, sem a poeira do tempo na exatidão de seu tempo cômico, quantas vitórias neste olhar independente, rísivel e amoroso sobre as diversas camadas sociais. Presentes na rusticidade desafiante de “ A Família e a Festa na Roça”(1838), “O Caixeiro da Taverna”(1845) e “Judas no Sábado de Aleluia”(1846).
Na reunião de três exemplares peças clássicas, sem a poeira do tempo na exatidão de seu tempo cômico, quantas vitórias neste olhar independente, rísivel e amoroso sobre as diversas camadas sociais. Presentes na rusticidade desafiante de “ A Família e a Festa na Roça”(1838), “O Caixeiro da Taverna”(1845) e “Judas no Sábado de Aleluia”(1846).
De largo alcance, ora na espontaneidade de um elenco afinadíssimo de unicidade
performática indissociável ( Ana Paula Secco,Anderson Mello, Gabriela Rosas,
Leandro Castilho, Luiz André Alvim, Márcio Fonseca, Paulo Hamilton) . Ora na precisa
atemporalidade da trilha ambiental
(Leandro Castilho) e na funcional discrição das luzes ( Aurélio De Simoni) .
Mas é a arrojada envolvência
da arquitetura cenográfica (Fernando Mello da Costa) na tríade (manequins/figurinos/personagens),apoiada
em expressiva gestualidade( Duda Maia) , que revela , na surpresa inventiva da sua marcação cênica (Daniel Herz) , a
inteligente evocação da
atualidade deste “ Pena Carioca”.
Com seus pais e
filhos, velhos e jovens, patrões e empregados, pobres e novos ricos, juízes e
políticos, na dialética do poder e na retórica do suborno , enfim, igual a tudo como
antes...
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