![]() |
FOTOS/GUGA MELGAR |
Pressa - mal do século ? Que hóspede presencial é este no imaginário cotidiano? De precipitação voraz na sua ansiedade por saídas quaisquer : hipócritas, amorais, perversas, criminosas. Marginalizando corações e mentes em cadência vertical , legitimadas nos meandros oficiais e absorvidas, via reflexos especulares , em nossas posturas comportamentais.
A esposa aflita (Filomena Mancuzo), o marido calmo (Diogo Camargos), a garota grávida (Mariah Viamonte), o rapaz preocupado(Rafael Coimbra), o rapaz feliz(Thiago Marinho), o irmão doente(João Fonseca),a velha (Thais Portinho), mais os dois maridos (Alexandre Pinheiro, Roberto Lobo) e as duas mulheres (Paula Sandroni, Rafaela Amado).
Conduzidos, aqui, artesanalmente em dúplice comando direcional , pela habilidade de João Fonseca e por um novo oficio para o cenógrafo Nello Marreze. Com preciosos apoios na indumentária dia-a-dia (Victor Guedes), no desenho de luzes ora focais ora vazadas( Luiz Paulo Nenen/Tiago Mantovani) e nas incidências sonoro/musicais(por João Fonseca , dublê de sonoplasta).
Numa retomada do reconhecido lastro inventivo da Cia. Os Fodidos Privilegiados, no encontro diversificado de gerações atorais, sabendo como dosar a corajosa aventura de performances iniciantes à técnica de interpretações mais amadurecidas.
Em intrigantes/instigantes intervenções, tanto pela fisicalidade, ora frágil, ora nervosa, ora feroz, como por seu controverso dimensionamento psicológico, variando no serem terríveis ou ingênuos, entre amenidades, intrigas e irracionalidades, numa encenação direta e seca, às vezes rompante ou incomoda, na sua poesia do pânico.
Na fragmentária trama, em que as narrativas dos casos da Pressa nervosa se cruzam numa simultaneidade não linear, favorecida pelo ritmo do vai e vem de onze atores e pela mutabilidade dos efeitos luminares, ressaltando as suas diferenciais ocupações do espaço cênico.
Mas, em contraponto, resvalando em ocasionais fugas de uma idealizada formatação estilística da performance (marca registrada da Fodidos) , fazendo com que o teor polemista da textualidade e do arrojo da proposta dramatúrgica não se expandam como o esperado e, na sua integralidade, em cena.
O que, de forma alguma, limita o alcance de um teatro espontâneo, onde a liberdade instintiva, a irreverência e o despojamento estão sintonizados com os rumos da tematização política e antenados esteticamente na contemporaneidade.
Wagner Corrêa de Araújo
PRESSA está em cartaz no Teatro Gláucio Gil/Copacabana, de sexta a segunda, às 20h. 70 minutos . Até 19 de fevereiro.
Wagner Corrêa de Araújo
PRESSA está em cartaz no Teatro Gláucio Gil/Copacabana, de sexta a segunda, às 20h. 70 minutos . Até 19 de fevereiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário