Desde a ancestralidade greco-romana vem se levantando vozes reflexivas, entre prós e contras, sobre as
transgressões dos limites fronteiriços no status comportamental da sexualidade
humana.
Fugindo aos lugares comuns de uma teatralidade erotizada na abordagem desta dissidência
sensorial, o dramaturgo grego Alexi Kaye Campbell(visto, também ,como roteirista
do filme A Dama Dourada) ao estrear
sua segunda peça –The Pride, nos palcos londrinos, em 2008, quis buscar outra
especificidade.
Quando, aqui, ele
propõe a priorização do questionamento psicológico do aceitar-se ou não
, do conflito opcional de seus personagens para assumirem, pelo coração ou pela
razão, a sua diversidade sexual.
Ao dividir o enredo dramatúrgico numa formatação de simultânea
alternatividade de épocas – os anos 1958
e 2008 – o autor, colocou em cena três personagens com similaridade nominal Philip(Arthur Brandão),Oliver(Michel
Blois) e Sylvia ( Julia Tavares). Aos quais se junta um quarto ator ( Cirillo Luna)
em papéis de titulação profissionalizante (michê, editor e médico).
Por outro lado, o divisionismo em duas eras é representativo
do que sempre impulsionou esta “guerra suja” contra os conflitos da vida dupla , na sua manifestação expositiva dos mais
íntimos desejos desta sensualidade instintiva.
Em 1958, com a exacerbada polarização de princípios discriminatórios da homo-afetividade, relegada ao expurgo do
que poderia ser dito de um segredo proibido. E em 2008, mesmo
após as conquistas das frentes de libertação gay, com a perigosa manipulação das demonizações fundamentalistas e dos extremismos politico/ideológicos.
Com uma perceptível uniformidade interpretativa em tempo
duplo, destaca-se a reprimida introspecção da dúvida em Arthur Brandão, paralela à espontaneidade dos recursos de irreverência afirmativa nas aventuras eróticas em Michel Blois.
Sem banalização de personificações de fatores exploratórios e de opressão do contextual gay , uma surpreendente ação coadjuvante de
Cirillo Luna. Enquanto a concisão dramática e precisa gestualidade em Julia Tavares, como porta voz do elemento feminino mediador, completa
este naipe de presencial irrepreensível .
Instaurando um contraponto crítico na questão LGBT, marcado
ainda pela rigorosa tradução e versão de Ricardo Ventura, Pride consegue, assim, com
contundência , consistência, convicção, se tornar um programa obrigatório da
atual temporada teatral.
Wagner Corrêa de Araújo
Wagner Corrêa de Araújo
THE PRIDE está em cartaz no Espaço Cultural da Caixa, Centro/RJ, de quinta a domingo, 19h. Até 09 de outubro.
NOVA TEMPORADA: THE PRIDE , em nova temporada, no Teatro Ipanema,quarta e quinta, às 20h. 100 minutos. Até 11 de maio.
NOVA TEMPORADA: THE PRIDE , em nova temporada, no Teatro Ipanema,quarta e quinta, às 20h. 100 minutos. Até 11 de maio.
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