MEMORIAL 2014 DOS PALCOS CARIOCAS : DO GRUPO TAPA AOS ATORES DE LAURA

DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA, direção EDUARDO TOLENTINO

CCBB/RJ recebe uma das grandes montagens do teatro paulista, em cartaz durante dois anos e premiada pela APCA e pela Revista Contigo como melhor espetáculo de 2010. 12 Homens e Uma Sentença, originalmente um roteiro para TV, de autoria de Reginald Rose que chegou ao cinema com Sidney Lumet como um clássico das telas anos 50.

Na versão dramatúrgica, em recriação idealizada do Grupo TAPA, numa única locação cênica despojada ao contrário do filme, aqui marcada por instantâneo flagrante interior do tribunal, na cena inicial, e pela saída externa do jurado número 8 (no filme, por Henry Fonda), ao encerrar-se a trama.

Com seu casting 12, em seletiva marca de atores revelando maturidade absoluta no palco, sob apurada direção de Eduardo Tolentino, mostrando os embates entre estes doze jurados diante de uma acirrada opção - pena capital ou absolvição - em torno do suposto homicida adolescente, acusado pelo assassinato de seu próprio pai. Que, inicialmente, é defendido apenas pelo jurado número 8 em processo de dúvida sobre as provas contra o suspeito.

E onde a progressão dramática vai sofrendo um surpreendente revés quando os outros julgadores vão deixando de lado os preconceitos pessoais e a postura estereotipada, receosos por provocarem uma decisão injusta. E, assim, inconscientemente, absorvendo os argumentos da tese de defesa, numa mudança no direcionamento de suas crenças particulares.

O grande desafio da direção está no energizado duelo de interpretações capaz de levar a um conceitual particularizado para cada uma destas personificações e revelada na acertada escolha dos doze atores. Mantendo da montagem original Genésio de Barros e Norival Rizzo, além de novo papel para Henri Pagnoncelli, ao lado de Babu Santanna, Marcelo Escorel, Gustavo Rodrigues, Henrique César, Edmilson de Barros, Xando Graça, Camilo Bevilaqua, Alexandre Mello e Francisco Paz.

Num clima de hermenêutica jurídica em que cada espectador acaba se identificando mais com aqueles na linha de suas próprias convicções. Na potencial envolvência deste jogo cujo alcance decisório culmina numa catarse coletiva palco/plateia.

O ENXOVAL, criação coletiva CIA. ATORES DE LAURA

Numa das melhores iniciativas do teatro carioca nas duas últimas décadas, a Cia Atores de Laura volta com O Enxoval e Adultério, criações coletivas de seus atores com a inventiva supervisão artística de seu mentor Daniel Herz, além do premiado monólogo O Filho Eterno, inspirado no romance de Cristóvão Tezza.

O Enxoval, baseado livremente num fato corriqueiro do interior das Minas Gerais, mostra o cotidiano de duas velhas senhoras e suas lembranças seculares de amores não realizados, numa emotiva incursão com nuances de comédia dramática e convicta  interpretação de um trio (Ana Paula Secco, Verônica Reis e Luiz André Alvim) alternando-se na prevalência feminina da representação.

O texto é resultado de uma funcional criação coletiva que também estende a mesma linhagem estética à concepção de Adultério, em investigativa busca, a partir do tema infidelidade, nas teorias pirandellianas, entre o  real e o ficcional. 

Com um sotaque de lúdico e irônico humor permeando a performance do grupo (Ana Paula Secco, Anderson Mello, Leandro Castilho, Marcio Fonseca, Paulo Hamilton e Verônica Reis). Outra vez sob a supervisão do diretor e idealizador da Cia.

Mas é com O Filho Eterno que a direção de Daniel Herz atinge um tom perfeccionista no ideário do saber equilibrar-se, cenicamente, entre o texto literário adaptado e a escritura cênica. E com a interpretação mágica de Charles Fricks no primeiro monólogo de sua  trajetória atoral.

Não é por acaso que este espetáculo vem se mantendo em cartaz há mais de dois anos, em frequentes temporadas pelo Brasil e por terras de além mar, sempre com êxito de público e aplauso da crítica, através da valoração de um personagem com limitações mentais e físicas em necessária proposta de inclusão e de acessibilidade.

                                           Wagner Corrêa de Araújo

O FILHO ETERNO, direção DANIEL HERZ.

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O GRUPO TAPA E A CIA ATORES DE LAURA APRESENTARAM-SE NOS PALCOS CARIOCAS  EM MARÇO, DURANTE A TEMPORADA TEATRAL DE 2014.


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