FOTOS/PRISCILA PRADE |
Fama e fracassos contextualizam tanto as incursões teatrais como as trajetórias
existenciais , ora alternando êxitos, ora pelos signos das derrotas e das
decepções.
E foi ,assim, neste desvelo, a conceitual abordagem deste tema metaforizado
em relatos de vida e de arte nos bastidores de um teatro.
Criação do dramaturgo/ encenador Diego Fortes, O Grande Sucesso reunindo, simbolicamente, uma trupe de atores, nas suas idas e vindas , entradas e saídas, entre um camarim e um palco.
Criação do dramaturgo/ encenador Diego Fortes, O Grande Sucesso reunindo, simbolicamente, uma trupe de atores, nas suas idas e vindas , entradas e saídas, entre um camarim e um palco.
Um elenco convicto(Carol Panesi, Edith de Camargo, Fernanda Fuchs,
Fábio Cardoso, Eliezer Vander Brock, Marco Bravo, Rafael Camargo) conduzido
pelo seguro protagonismo de Alexandre Nero, faz sua entrega absoluta a um lúdico e reflexivo jogo.
Desmistificando o ilusionismo e a mágica da teatralização pelo
desnudamento sensorial da psicologia confessional, no ritual de passagem entre o ato de viver e o ato da
representação deste existir.
Nesta comédia humana da vida privada de cada um o percurso,
entre dimensionamentos interiorizados ou revelações explícitas, tem o auxilio
carismático do score musical, sob o comando regencial de Gilson Fukushima.
Onde canções certeiras sublinham, entre acordes vocais e
instrumentais ao vivo, sentimentos introspectivos e gestualidades de instintiva
espontaneidade, em eficaz corporificação de vozes , gestos e máscaras direcionadas
por Carmen Jorge.
O apurado décor cenográfico é de Marco Lima, reproduzindo a ambientação
backstage,ao privilegiar o desordenamento
de roupas e objetos espalhados, espelhos , instrumentos musicais. Tudo aguardando a
sua hora e a sua vez , na unicidade matéria e carne, pequena magia na grande verdade do universo cênico.
Enquanto as mutabilidades de adereços e figurinos (Karen Brusttolin) vão se incorporando às sucessivas personificações de tipos e estados de ser, os efeitos
de sombra e luz (Nadja Naira) sugestionam
os contrapontos afetivos e comentam as ações dramáticas.
Mesmo com ocasionais quebras de ritmo com a constância da
uniformidade narrativa e na reiteração das entradas e saídas de cena, a
performance equilibra bem incidências corriqueiras ,de queixas financeiras
a desabafos cotidianos, com recortes
líricos autorais ou a livre apropriação poética
de Fernando Pessoa.
O lance de dados pirandelliano
na concepção dramatúrgica a quatro mãos(Alexandre Nero e Diego Fortes) de O Grande
Sucesso foi visionar ,através do teatro dentro do teatro, o eterno ir e vir entre o eu e o seu reflexo especular.
A identificação metafísica, enfim ,com
os personagens que todos nós, atores e espectadores, representamos no palco
da vida.
Wagner Corrêa de Araújo
O GRANDE SUCESSO está em cartaz no Teatro do Leblon, sexta e sábado, às 21h;domingo, às 19h. 105 minutos. Até 30 de abril.
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