Teatro de bolso, teatro mínimo, teatro didático, teatro
pobre, teatro de câmara, teatro dentro do teatro?
Um pouco de cada uma destas alternativas, de simbologia
minimalista ou de significado singular, poderia ser aplicado à original
proposta de “2500 Por Hora”,criação dos franceses Jacques Livichine e Hervée de
Lafond.
Com um mínimo de recursos técnicos e cênicos, cinco atores e
dois músicos, 60 minutos ultrapassados assumidamente em mais meia hora, com a
oportuna inclusão da dramaturgia brasileira, acontece uma maratona milenar de
história teatral conduzida, com especial habilidade criativa, por Moacir Chaves.
Sem uma rígida ordem cronológica, o imaginário e o realista,
a verdade e a metamorfose,o histrionismo e o drama, desfilam em passagens ,
personagens e conceitos de Pirandello, Tchekhov, Molière,Feydeau, Eurípides,
Shakespeare,Artaud, Brecht, Goethe, Beckett , Martins Pena e Nélson Rodrigues.
Uma cenografia (Sérgio Marimba) simplificada de moduláveis
de ferro e madeira, com adequados figurinos (Inês Salgado) e precisas
incidências musicais ao vivo (Tomás Brandão/Mendes) sob recatada iluminação (Aurélio de Simoni), sugestiona, na instantaneidade das cenas, um dinamismo
referencial de tomadas cinematográficas.
Mesmo que incorra em pequenas quebras do ritmo, normais
pela fragmentação do texto, as interferências intermediárias dos atores, com
uma nuance humorística interativa, ajuda na contextualização das informações
historiográficas.
O caráter lúdico da peça , no enfoque das especificidades da
prática teatral através dos tempos, conduz, ainda, a plateia a um impulso
reflexivo sobre a importância desta arte mágica.
Capaz ,enfim, com seu aspecto mimético e ritualístico, de
questionar não só o status social e político como os conflitos mais íntimos da
condição humana.
WAGNER CORRÊA DE ARAÚJO
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