Mamma Mia. Realização Charles Möeller/Cláudio Botelho. Março/2023. Fotos/Caio Gallucci. |
Foi a partir da trama de uma daquelas tipícas comédias românticas dos anos 60, no caso um filme de Melvin Frank com Gina Lollobrigida – Buona
Sera, Mrs Campbell, que veio a inspiração para o musical que se tornaria um
dos maiores fenômenos, inicialmente da West
End londrina em 1999, seguido pela Broadway,
em 2001.
Apresentado ali, depois de outras temporadas em palcos
europeus e australianos, com inúmeras releituras em idiomas diferentes, alcançando
recordes de público, até sua transposição ao cinema sete anos depois, tendo
como principal protagonista Maryl Streep,
sob a titulação de Mamma Mia, com o
roteiro dramatúrgico original da inglesa Catherine
Johnson.
A fórmula que levou à rápida ascensão ao gosto popular foi mais
especialmente devido à trilha com os maiores sucessos do grupo sueco ABBA entre
os anos 70 e inicio dos 80, onde além das pistas de dança e do êxito
fonográfico, virou memorável moda em festas familiares e casamentos.
Enquanto seu enredo não passa de uma narrativa novelesca e quase ingênua sustentada no entremeio romantizado da atração turística e da ambiência natural, exercidas por estas pequenas ilhas gregas, independentemente de faixas geracionais, sobre corações ora nostálgicos ora apaixonados.
Onde a jovem Sophie (Maria Brasil) convida para suas próximas núpcias com Sky (Diego Montez), um espécime de Apollo local, três antigos parceiros amorosos de sua mãe Donna Sheridan (Claudia Netto) com a intenção de descobrir qual deles seria na verdade o seu pai, durante os preparativos da cerimônia na taverna de propriedade materna.
Mamma Mia. ABBA/Trilha Sonora. Maria Brasil e Diego Montez. Março/2023.Fotos/Caio Gallucci |
O Mamma Mia é mais
uma das realizações da dupla campeã de musicais no Brasil - Möeller&Botelho
– desta vez com Charles Moeller, na direção,
cenografia e figurinos, enquanto Claudio Botelho assume a versão brasileira e a
supervisão musical.
No primeiro caso, a caixa cênica é preenchida pelo
sugestionamento identitário de um típico
casario à beira do mar Egeu, com riqueza de detalhes e prática funcionalidade
mutacional de ambiências interiores e paisagismo externo, além de um figurino caprichado,
marcado pela atemporalidade.
Ressaltada por cores aquareladas e variações cromáticas, entre
os resplendores solares e os reflexos lunares sobre as casas e a paisagem
marítima ao fundo, nos potencializados e poéticos efeitos da iluminação de
Paulo Cesar Medeiros.
Claudio Botelho, por outro lado, priorizando os sequenciais arranjos
e acordes que integram a trilha composta por dois compositores do primitivo
ABBA (Benny Andersson e Björn Ulvaeus) vai reeditando em processo cênico/textual alguns dos hits absolutos
do repertório da banda, tais como Dancing
Queen, Honey Honey, Super Trouper, Money Money Money. Com um artesanal comando de Marcelo Castro para uma
pequena orquestra à base de guitarras, teclados e percussão.
Executando energizadas danças quase sempre marcadas por
acrobacias, oriundas da febre anos 70/80 da disco
music e possibilitando que a vigorosa trupe coreográfica, instigada pela criação gestual de Mariana Barros para experientes
atores/bailarinos, vá além de uma ancestral
jukebox contagiando, décadas depois, o público contemporâneo.
Enquanto os números musicais vocalizados pela maturidade de
expoentes personalidades do teatro musical e da comédia, tais como Claudia Netto, Maria Clara
Gueiros e Gottsha, sem deixar de citar o naipe masculino (Sergio Menezes, André
Dias e Renato Rabelo) e a reveladora dupla
jovem de enamorados (Maria Brasil/Diego Montez), convencem provocando a pronta atenção e a imersiva corporeidade do mais acomodado dos espectadores nos anos dourados da disco music.
Wagner Corrêa de Araújo
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