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FOTOS/JULIA RÓNAI |
Embora não ocupe um espaço significativo na extensa bibliografia musical de Villa-Lobos, as obras escritas sob a sigla de dança ou bailados, incluem desde Rudá, Emperor Jones, Genesis até os primeiros originais para balé - Uirapuru e Amazonas.
O Uirapuru , ao
lado das diversas versões coreográficas de obras sinfônicas como Floresta do Amazonas e de algumas das Bachianas, tem a mais antiga e longa
trajetória nos palcos da dança, desde sua pioneira versão de 1934, para o
Teatro Colón.
Isto se deve, principalmente, à sua peculiar orquestração, com
referências européias impressionistas e
sonoridades nativas. Que , além desta arquitetura composicional, revela, ainda,
sua aproximação temática e lendária com o balé Pássaro de Fogo.
Enquanto na obra de Stravinsky,
as penas de um pássaro são mágicas, em
Villa Lobos é o canto noturno do Uirapuru , o emissário do amor na floresta
amazônica. Sendo as duas obras inspiradas no folclore e na tradição oral ,respectivamente
da Rússia ancestral e do Brasil ameríndio.
Na Trilogia Amazônica
apresentada pelo Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal/RJ
é o Uirapuru que abre a performance numa coreografia, de nítida base neoclássica,
na concepção de Daniela Cardim.
Que preserva , com sutil tessitura abstrata, o essencial da lenda indígena, mais presente nas insinuações de pintura tribal nos figurinos( René Salazar) que na própria ação coletiva dos bailarinos.
Que preserva , com sutil tessitura abstrata, o essencial da lenda indígena, mais presente nas insinuações de pintura tribal nos figurinos( René Salazar) que na própria ação coletiva dos bailarinos.
Incluindo como prólogo um tema da Floresta do Amazonas, o
seu contraponto rítmico e melódico teve um especial empenho técnico e densidade
emotiva nos solos e duos de Karen Mesquita e Alef Albert.
Já em Alvorecer(
fusão de Alvorada na Floresta Tropical
e Amazonas), na visão de Marcelo
Gomes, o resultado fica aquém na dosagem ambígua das nuances míticas do Boi de Parintins com o
fauno grego. E a mistura, pouco funcional,
de escolares de dança diante de profissionais qualificados, fragilizou,
entre erros e acertos, a sustentação da linha coreográfica.
Enquanto em Erosão(
por Luiz Fernando Bongiovanni) houve uma
linguagem corporal arrojada , irradiando enérgica gestualidade abstracionista,
na sua busca estético/ideológico das “erosões” ambientais, políticas e comportamentais. Com belos solos (Murilo Gabriel) ,inspirados duos(Filipe Moreira/Viviane Barreto) e alentados trios (Priscila Albuquerque/Murilo Gabriel /Rodrigo Negri).
Constatada ,também,na sólida estrutura interpretativa tanto dos
bailarinos como da convincente
vitalidade da OSTM, sob Tobias
Volkman no comando seguro desta rica polirritmia sinfônica. E amplificada na
plasticidade cenográfica(Gringo Cardia) e nos preciosos reflexos luminares (Maneco
Quinderé).
Permitindo, assim, na integralidade de seus elementos
técnicos/artísticos, musicais/coreográficos, transferir quem sabe, as palavras de Mário Andrade para esta Trilogia Amazônica :
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