CARANGUEJO OVERDRIVE / FOTO JOÃO JÚLIO MELO |
A decadência política, a crise econômica e a incredulidade no
que vem por aí, não foram capazes de tirar o brilho de um ano de plenitude em
realizações cênicas na dança, na ópera e no teatro especialmente.
Um variado panorama enriquecido não só por textos além fronteiras, mas pela revelação de
uma dramaturgia doméstica de transcendente força, em impactantes e descortinadoras montagens.
Fica difícil, apenas, enumerar tantos espetáculos de qualidade, sem
correr o risco de não se dar o devido destaque
por muitos merecido, neste ligeiro rascunho em forma de resenha. Sem haver, aqui, qualquer
intenção de delimita-los na classificação dos melhores do ano, assaz presente nas inúmeras listas postadas.
Pensamos, então, na seleção inclusiva de alguns , nunca por categoria, por gêneros ou
temáticas, mas por sua impulsividade estética.
Tendência constante e de
marco revelador nos palcos cariocas no ano que se encerra. Através
do ambiente multifacetado entre a
linguagem teatral e outros universos artísticos. Entre o texto ensaiado e o
linguajar coloquial. Entre o imaginário e o
metafórico . Ou na denúncia, pelo
realismo cru e pela verdade sem disfarces.
KRUM / FOTO BY NANA MORAES |
Lembrando, ainda , certos
títulos simbológicos, sem limites nacionalistas, numa absoluta
independência de concepção e inventividade, tais como “A Floresta Que Anda ”(Christiane Jatahy), Krum ( por
Márcio Abreu) e Salina - A Última
Vértebra( Cia Amok).
Caracteres estilísticos extensivos à exponencial proposta/performance
de obras autorais como O Narrador( Diogo Liberano), Caranguejo Overdrive( Pedro
Kosovski), Projeto bRASIL ( Márcio Abreu), todas com provocativo referencial de “work in
progress”.
Além de inusitadas surpresas cenográficas em torno da solidão virtual
, da incomunicabilidade e dos
preconceitos, explicitadas no despontar de novos criadores em Para Os Que Estão
em Casa (Leonardo Netto),Mantenha Fora do Alcance do Bebê ( Sylvia Gomez) e BR-Trans(Silvero Pereira) .
SALINA (A ÚLTIMA VÉRTEBRA)/FOTO BY DANIEL BARBOSA |
Sem deixar de lado, as retomadas conceituais de consistente
teor crítico com Daniel Herz( O Pena Carioca), na interiorização plástica de Inútil a Chuva (
da Armazém Cia de Teatro) , no intimismo
confessional de Em Nome do Pai ( via Guilherme Leme/Vera Holtz) e na visceralidade da proposta de Abajur Lilás (por Renato Carrera).
Enquanto o musical a la Broadway teve sua culminância no
classicismo do Kiss Me Kate- O Beijo da Megera (da dupla Botelho/Moeller), O Beijo no Asfalto - O Musical (
segundo João Fonseca) replicou
horizontes brasileiros além do desgaste das visões biográficas.
E que ,assim, diante dos palcos constatados, continue em 2016
, este, cada vez mais audacioso, pensar
dramatúrgico e esta inquietante criação
cênica, para o bem de todos e para a
felicidade geral da nação teatral brasileira.
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