Através do movimento de danças urbanas acontece, num visível crescendo, um fato deveras marcante por sua representatividade social. O possível e simbológico resgate, pelo ato criador, das formas de exclusão de
classes e rejeição racial. E de reação à
violência, implícita e exteriorizada, das favelas, comunidades e periferias.
Extraordinário
processo de assimilação da herança afro/brasileira e norte americana, num mix inventivo da ancestralidade negra - samba ,capoeira, break, soul ,house, funk, hip
hop, rap.
E na convergência de grafiteiros , djs, dançarinos, estabelecendo, assim, uma autóctone estética de cultura urbana/popular. Manifestação midiática, com prevalência nas redes virtuais e de superlativo apelo entre os mais jovens.
E na convergência de grafiteiros , djs, dançarinos, estabelecendo, assim, uma autóctone estética de cultura urbana/popular. Manifestação midiática, com prevalência nas redes virtuais e de superlativo apelo entre os mais jovens.
Tendência inicializada , no panorama coreográfico, com os
grupos de street dance paulistas, desde o histórico Grupo de Rua de Santos, de Marcelo Cirino,
no despontar dos anos 90.
Mas que tem sua versão carioca, num aprofundamento das
ligações entre a dança urbana com a coreografia contemporânea, na Companhia Urbana de Dança, criada e
dirigida , há dez anos, pela coreógrafa Sônia Destri Lie.
Na vasta experiência de sua sólida formação, da base
acadêmica com Tatiana Leskova às linguagens jazzísticas e da contemporaneidade,
indo de Lennie Dale e Marly Tavares, a Pina Bausch, Alvin Nikolais e Twyla
Tharp.
Projeto Os 2 Atos ,o espetáculo comemorativo dos dez anos de atuação da
CUD ,traz duas criações inéditas –O Agora É Passageiro e Dança
de 9. E, mais uma vez, a enérgica presença cênica deste coeso e revelador elenco – Allan Wagner,André
Virgílio, Jessica Nascimento,Johnny Brito,Júlio Rocha,Miguel Fernandes, Rafael
Balbino e Tiago Souza.
Sob o feeling das pulsantes modulações rítmicas da trilha de Rodrigo
Marçal e nas luzes entre sombras de Renato Machado, a desenvoltura de uma
expressiva pesquisa corporal, de irrepreensível performance.
Por suas gestualidades circulares, em agressivos e sincopados contatos físicos
com o solo ou entre corpos . Na impulsividade
espontânea da soltura de braços e pernas arqueadas , em contrações musculares, como ondas, de propositais marcações repetitivas.
Quebradas ora pela
liberdade de improvisos surpreendentes, ora pela ruptura contrastante do acelerado ritmo
por pausas sonoras , de apurado senso
plástico.
Onde a criação coreográfica
tem seu referencial na transitoriedade da vida e na batalha pelo desejo de superação
das inquietudes de uma juventude, em estado
de guerra.
E no vitorioso resultado artístico deste autentico , exponencial e emotivo substrato sociológico
do universo de marginalização ali representado.
A COMPANHIA URBANA DE DANÇA está em cartaz no Teatro de Arena do Espaço Sesc/Copacabana, quinta a sábado, 20h30m;domingo, às 19h. Até 20 de dezembro.
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