FOTOS/PAULA KOSSATZ |
Se nada vale mais a pena e
se já não há perspectivas geracionais
futuras... Se a ação e o pensar se alienam pelas superficialidades tecnológicas/virtuais e pelo descrédito nos mecanismos político/sociais, a percepção é de que os
irracionalismos ideológicos não morreram e que estão à espreita. Aguardando apenas que estas luzes se acendam para sua entrada em cena, como personagens portadores das saídas e soluções.
E que os fantasmas nazi-fascistas, stalinistas, maoistas,
franquistas, militaristas afro/asiáticos/latino-americanos, se escondem atrás dos
fundamentalismos religiosos, das marginalizações
raciais, sexuais, culturais , do terrorismo e de todas as formas das descrenças civilizatórias na contemporaneidade.
Onde a maior ameaça está no convencimento e no resgate “carismático" pelos salvadores da pátria. E que é este o discurso que
inspirou um romance (Todd Strasser), replicado em dois filmes , do americano
Morton Rhue e do alemão Dennis Gansel, sendo,agora, retomado na versão dramatúrgica do
diretor Jarbas Albuquerque sob o titulo “Depois da Terceira Onda”.
Ao escolherem juntos, alunos e professor, um tema para discussão em sala de aula , a opção coletiva é por autocracia. Já acostumados ao espírito libertário e sem governo de anarquizadas mentes jovens, respondem assim ao apelo do inusitado , da surpresa e da aventura por trás do que lhes é desconhecido.
Por seu experimento didático em torno do significado de autocracia (do original grego, auto: próprio e kratia: poder) é, assim , que o professor Ron Jones(Ignácio Aldunate) sente-se,então, na auto suficiência da vitória personalista de exclusivo formador de uma consciência coletiva na mobilização de seus alunos (Adriana Perin, Daniel Bouzas,Henrique Guimarães,Lu Lopes,Maíra Kestenberg, Samuel Vieira).
Por seu experimento didático em torno do significado de autocracia (do original grego, auto: próprio e kratia: poder) é, assim , que o professor Ron Jones(Ignácio Aldunate) sente-se,então, na auto suficiência da vitória personalista de exclusivo formador de uma consciência coletiva na mobilização de seus alunos (Adriana Perin, Daniel Bouzas,Henrique Guimarães,Lu Lopes,Maíra Kestenberg, Samuel Vieira).
Onde a eficaz proposição simulatória da prática de atos físicos e digressões verbais é enfatizada por uma
cenografia minimalista(Gregório Rosenbuch/Mariana Meneguetti) , pelo recato das luzes (Elisa Tandeta)e do incidental score
sonoro(Federico Puppi), com identidade gestual ( Paula Barbosa) e funcional similaridade de figurinos/uniformes(Henrique
Guimarães).
Com um elenco jovem sintonizado em sensorial e convicta entrega a este jogo de
manipulação, o seguro e criativo comando diretorial (Jarbas Albuquerque) desperta um reflexivo alerta em cada espectador sobre o mau uso da psicologia das
massas.
Em que toda e qualquer manipulação de mentes fragilizadas na desorientação
das crises sociais, pode conduzir à tragédia da ascensão de absurdas irmandades políticas. Na impulsiva prevalência
dos seus extremismos individualistas padronizando, como único e absoluto desejo coletivo, a sua
própria verdade.
Por isto mesmo, muita atenção, é tempo obrigatório para se conferir Depois da Terceira Onda. E todo cuidado é pouco, o perigo ali exposto pode estar morando muito perto...Então, que tal repetir a emblemática lição final daquele professor Ron Jones ? :
O fascismo não é uma
coisa que outras pessoas fizeram. Ele está aqui mesmo em todos nós...O que faz
um povo renegar sua própria história? Pois é assim que a história se repete...
DEPOIS DA TERCEIRA ONDA está em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal/Cinelândia/RJ, quarta e quinta, às 19h. 75 minutos. Até 22 de dezembro
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