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| Frida/Balé doTheatro Municipal/RJ. Reginaldo Oliveira/Concepção Coreográfica. Outubro/2025. Daniel Ebendinger. |
Com um significativo propósito de evocar a necessária
preservação do meio ambiente através de seu maior patrimônio, a Cia de
Ballet Dalal Achcar abriu a programação carioca de dança com a
reestreia no palco do Municipal de “A Floresta Amazônica”. Obra marcante
na trajetória da bailarina, diretora e coreógrafa Dalal Achcar conectando o
gestualismo clássico a um sutil sotaque contemporâneo e que deveria integrar,
vez ou outra, o repertório do Balé
do TM/RJ pela força de sua brasilidade, não só coreográfica, mas
musical e temática.
A primeira surpresa entre os grupos de dança contemporanea foi
trazida pela Cia Híbrida, através de
mais uma criação de seu coreográfo-diretor Renato Cruz, em outra de suas bem sucedidas
propostas-performances de dança urbana, no circuito Rio/Paris. Novo Pulso dando um pleno recado
estético-social, como bem define seu inventivo signo autoral de desdobramento
coreográfico - “Novo é o fluxo que des-agua na cena que constrói o porvir”...
A Cia Hibrida também com Nouveau Monde inédita em palcos
brasileiros, em que prevalece um processo de estrutura próximo da dança-teatro
na intermediação de textos falados questionando o risco da dança robotizada
diante da realidade virtual. Num
aproximado paralelo a Esther Companhia de Dança, desta vez
recorrendo aos princípios da Física, na singularidade virtual de uma dança temporal-espacial
com o espetáculo Matéria. Incentivando a contribuição personalista de seus cinco
bailarinos-criadores sempre direcionados às perspectivas desbravadoras de uma catártica
dança cósmica.
Em sua turnê nacional começada no RJ, O Corpo de Dança do Amazonas,
apresentou diversos trabalhos, destacando-se, entre eles, TA - Sobre Ser Grande em que
a CDA
encontra seu momento de maior e mais surpreendente potencialidade criativa e sensorial
ao mesmo tempo. Onde a criação de seu diretor-coreógrafo Mário Nascimento
estabelece exemplar ressonância do ideário estético/coreográfico de um
corpo-linguagem ecoando uma mensagem de esperança, entre reflexos especulares
da luta pela sobrevivência de um povo originário e de uma raça indígena.
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| Corpo de Dança do Amazonas. TA-Como Ser Grande. Mário Nascimento/Concepção Coreográfica-Direcional. |
Outra Cia, plena de brasilidade, é o Balé Folclórico da Bahia
que celebrou seus 37 anos com o espetáculo O Balé Que Você Não Vê, na peculiaridade
de suas temáticas no entorno da cultura popular baiana, como pelo tratamento
diferencial que assume em sua dramaturgia da corporeidade. Alcançando o grande
momento do espetáculo na peculiar versão do Bolero, mantendo as
linhas básicas da composição de Ravel, em que todos os elementos estéticos
alcançam sua culminância na coreografia original de Carlos dos Santos, pela
releitura por Vavá Botelho e Zebrinha.
O espetáculo comemorativo dos 50 anos do Grupo Corpo estabelece um liame entre o passado, o presente e o futuro, ao colocar lado a lado, uma das clássicas obras da Cia - Parabelo, de 1997, e a inédita Piracema. A primeira como uma exclusiva composição coreográfica de Rodrigo Pederneiras, seguida da outra numa simultânea leitura deste com Cassi Abranches. Com uma dramaturgia corporal de movimentos híbridos, entre as energizadas contrações da fisicalidade no início e no final da obra, entremeadas pela suavidade romantizada de gestualidades que se fundem imersivamente.
Abrindo a temporada internacional, a Compagnie Käfig, num simbólico
processo de criação do coreógrafo franco-argelino Mourad Merzouki reinventa,
sob similar titularidade, o filme La Couleur de La Grenade, do armênio
Sergei Parajanov, numa retomada de suas múltiplas linguagens artísticas. O que
Merzouki transmuta para um palco coreográfico de realidade imagética-onírica,
adornado com vistosas tapeçarias antigas, onde seus sete excepcionais
bailarinos transitam entre imagens virtuais, imersos em delirante magia
gestual.
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O Balé do Theatro Municipal, além de seu ofício primordial de
preservação do repertório clássico, reapresentando o Lago dos Cisnes e o Quebra
Nozes, alcançou um inédito dimensionamento coreográfico na performance do
balé Frida,
criação exclusiva de Reginaldo Oliveira para a companhia de Salzburg, onde atua
há cerca de uma década.
Obra com um toque de teatro coreográfico sobre os dramas
psicofísicos da pintora mexicana, materializando seu processo criador no uso da
corporeidade dos bailarinos, com um surpreendente resultado, tanto nos solos e
duos, como nas prevalentes atuações grupais, em irradiante expressionismo da
corporeidade de um afinado corpo de bailarinos.
Complementando esta essencialista retrospectiva da Dança 2025 pela bem-vinda retomada do ofício coreográfico de Dalal Achcar, na viabilização de uma inédita proposta de 60 anos atrás, com Água de Meninos para a sua Cia, incluindo temas de Tom Jobim, exclusivamente compostos para o balé. O que, junto à recente formação de uma nova companhia carioca, a de Thiago Soares na instantânea temporada de Brusco, há de abrir, certamente, novos horizontes no panorama da dança 2026, tanto em nível carioca como nacional...
Wagner
Corrêa de Araújo
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| Grupo Corpo / 50 Anos. Piracema/Cassi Abranches e Rodrigo Pederneiras. Julho/2025. José Luiz Pederneiras/Fotos. |

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