FOTOS BY ISMAEL MONTICELLI |
São quatro séculos de definição metafórica deste enigmático “ser ou não ser”, princípio e fim, razão e
dúvida de uma obra teatral que desafiou o próprio sentido da condição humana.
Na sua capacidade de questionar o destino ,entre incertezas e hesitações , em eterno confronto com os abismos existenciais, é teatro transcendental, pelas suas infinitas possibilidades de representação.
Através de um príncipe
(Hamlet), mais ferido pela insensatez do ato criminoso do tio Cláudio , junto de sua mãe, a Rainha, que pela pretensão ao trono
dinamarquês, usurpado com o assassinato de seu pai.
E , mais uma vez, outros significados são propostos nesta
peça de vingança que , ultrapassado o seu tempo elisabetano, com seu caráter
investigativo, tem uma sintonia além de
todas as cronologias
“Hamlet – Processo de Revelação” é uma concepção dramatúrgica
do ator Emanuel Aragão que ,solitário em cena, explora , com raro carisma, a
simbologia da tragédia shakespeariana
,numa inovadora performance/aula .
Em sua indefinida duração, que vai depender sempre da maior ou
menor interatividade com a plateia, ele avança, sob todos os ângulos históricos,
éticos e psicológicos do personagem , além de sua época e pela contemporaneidade.
Ora em diálogo aberto,
franco e envolvente, com o público na visibilidade das
luzes permanentemente acesas .Ora em improvisos ou adentrando por passagens da peça, com
intimismo coloquial ou no tenso clímax da quebra de tijolos.
Mantendo sempre uma proposta
estética que pode enveredar por caminhos
não previsíveis. Capaz de discursar com os
que aderem ou liberar a saída dos insatisfeitos.
Rumo cênico alternativo de retomada de um clássico . Teatro
dentro do teatro, de sonho ou verdade, assumido
com intenso e inteligente olhar crítico
pelo dúplice comando dos irmãos Adriano e Fernando Guimarães.
Responsáveis também(
incluindo, Ismael Monticelli) pela ideia cenográfica, ao lado do adequado
figurino de Liliane Rovaris ,com o pontual desenho de luz (Dalton
Camargos/Sarah Salgado).
“Simples comparsas ou audiência deste ato/ Tivesse eu tempo, eu vos diria...Mas seja o que há de ser (...) O resto é silêncio”.
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