FOTOS /ZÔ GUIMARÃES |
“Eu sou Amor, o grande mestre dos deuses/ Sou aquele que faz
mover os céus/ Sou aquele que governa o mundo”.
A palavra poética de Pierre Ronsard pode ser um referencial simbológico, para uma
proposta dramatúrgica inventiva abordando o amor e o mito ,nos três segmentos de Fatal,
sob a direção de Guilherme Leme Garcia.
Três casais
historicamente míticos e lendários – Eros e Psiquê, Kama e Rati, Tristão e
Isolda. Em textos respectivamente assinados por Pedro Kosovski, Jô Bilac e
Márcia Zanelatto , numa retomada cênica com outros olhares e inusitadas perspectivas ,mas conservando a verdade intrínseca de seus arquétipos pilares.
Através do enfoque destas paixões imortais, o reencontro do
amor humano vencendo o efêmero ao alcançar o privilégio dos breves momentos de eternidade neste diálogo do prazer.
Com sua tragicidade, “Fatal” , conduz à morte que tudo vence. Mas transcendendo este estado infernal em êxtase paradisíaco dos sentidos.
Numa concepção de ajuste artístico minimalista com dois exponenciais atores (Debora Lamm e Paulo
Verlings) em singularizada postura meditativa, sob as incidências da reflexiva trilha sonora(Marcello H).
Numa recatada mas sacralizada arquitetura cênica , na envolvência estética da instalação cenográfica(Aurora dos Campos) , do desenho onírico das luzes( Tomás Ribas) à adequação dos figurinos(Marcelo Olinto).
Numa recatada mas sacralizada arquitetura cênica , na envolvência estética da instalação cenográfica(Aurora dos Campos) , do desenho onírico das luzes( Tomás Ribas) à adequação dos figurinos(Marcelo Olinto).
Com os atores priorizando o domínio da palavra pura, numa linguagem subjetiva que transcende, transmuta, transborda, em sensibilizada leitura dramática. Entre os
olhares fixos e a meticulosa gestualização das
mãos, numa quase total imobilidade física, a interativa transmigração, palco/plateia, de uma energia sexual espiritualizada.
Pedro Kosovski, em Monstros – Poema em Drama Para Duas Vozes
e Muitos Corpos , traz a união mitológica de Eros e Psiquê à contemporaneidade sensualizada de um dark
room. Substitutiva perspectiva do milenar encontro de dois corpos nos mistérios divinais da
obscuridade celestial.
Márcia Zanelatto faz transparecer ,com naturalismo poético, a paixão suicida de Tristão
e Isolda numa narrativa , de passionalidade e arrebatamento, ora crítica, ora lírica, da ancestralidade céltica ao formato peep
show.
Da mística hinduísta, Jô Bilac, em Kama-Sutra Secreto, atualiza a ambiência
de sonho , vigília e sacralidade nos
laços eróticos do deus Kama ( Amor), condenado a assistir ao fim do desejo
humano, junto à sua atormentada parceira Rati(
Paixão).
Os códigos de cena de Fatal , idealizados e assumidos por Guilherme Leme Garcia , realizam,
com alto virtuosismo, um teatro de introspecção.
Desembarcando simbólicos significados e raras sutilezas das zonas secretas e intermediárias do pensar erotizado , numa sincera e explícita adesão ao universo enigmático das paixões míticas.
Desembarcando simbólicos significados e raras sutilezas das zonas secretas e intermediárias do pensar erotizado , numa sincera e explícita adesão ao universo enigmático das paixões míticas.
FATAL está em cartaz no Oi Futuro Flamengo, de quinta a domingo às 20h. 60 minutos. Até 10 de abril.
NOVA TEMPORADA: Teatro Glaúcio Gil. Copacabana, sábado a segunda, às 20h. Até 15 de agosto.
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