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BELEZA, de José Roberto Jardim, um video-poema dedicado à Semana de 22. Foto/ PUC/SP |
Venho acompanhando os registros virtuais dos experimentos cênicos
do dramaturgo e diretor José Roberto
Jardim. Que tem sido frequentes nas
visitas às plataformas digitais como forma de compensador escape a este claustrofóbico
estado sanitário pré-apocalíptico em dimensão
global.
E não é por menos que ele acaba de ser convidado como representante
brasileiro no Global Forms Theater
Festival, de Nova York, iniciado a partir desta primeira semana de junho, 2021.
Através de transcrição fílmica do espetáculo estreado, na
Temporada Paulista 2019, Há Dias Que Não
Morro. Oportuna e incisiva proposta temática dando continuidade à sua
pesquisa plástico/cinético/dramatúrgica que vem, com raro apuro, desenvolvendo nos
últimos anos.
Possibilitado o acesso à transmissão virtual a partir de inscrição e recebimento de um link, a saber:
(https://www.eventbrite.com/.../global-eye-ha-dias-que-nao...)
Só no atravessamento da reclusa trajetória 2020/2021, houve uma sucessiva postagem de instigantes obras fílmico/cênicas,
citando entre estas sua autoral releitura beckettiana em ELA+B+ECKETT,
em dúplice performance verbal e física com a atriz Fernanda Nobre, mais o vídeo/poema
BELEZA, inspirado em Menotti
Del Picchia e dedicado à próxima comemoração centenária da Semana de 22.
Além do enfoque do seu processo dramatúrgico através
de Criação, outro envolvente vídeo/confessional, prenúncio de sua próxima incursão, inclusive em
torno de mais uma de suas releituras como mentor mor na decifração da obra de
Matéi Visniec.
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CRIAÇÃO. Experimento digital sob conceitual teórico Janeiro de 2021. |
Em maio de 2017, uma das melhores surpresas da Temporada
paulista em palcos cariocas, foi a de sua versão para Adeus Palhaços Mortos, montagem sobre a qual, ao escrever sobre na época, não contive
o aplauso, também extensivo ao público, a outros críticos e às inúmeras
indicações a prêmios:
“Concepção provocadora
pela abertura de seu comando diretorial (José Roberto Jardim), de inventividade
direta e seca, a um teatro de contestação. Capaz, assim, de se arriscar, com
folego gestual e densidade psicológica, num espetáculo tenso mas revelador.
Desfigurando a
formatação convencional, pontuado no desnudamento da ação em inação, de
metafórica verbalidade, deixando perguntas sem respostas, mas refletindo,
visceralmente, sobre o imponderável da aventura humana”.
Depois de assistir a este último vídeo (Criação), no formato de depoimento com potencial enunciado teórico,
não há como deixar de registrar, aqui, a habitual pulsão da criatividade em José Roberto Jardim, no compasso de sua
indomável e incansável busca investigativa.
Cada vez revelando maior tônus qualitativo e descortinador da
maestria de seu pensamento. E mais, ainda, na transmutação cênica de tudo isto.
Exigindo-se, assim, por necessária urgência, a publicação de um livro conceitual sobre seu processo de
criação e de seu ideário dramatúrgico/diretorial.
Com o qual não há como não concordar ou se identificar (no
meu caso específico, ao transitar criticamente entre o teatro e a dança) por
acreditar, sobremaneira, nesta sua instigante fusão na diversidade de linguagens
artísticas.
Conluio entre o gesto e a palavra direcionado a uma espécie
de teatro coreográfico, conectado na abertura de novos caminhos sob visceral
sustentação estética pelo pensar reflexivo de José Roberto
Jardim :
“Penso o espaço de
representação como um limbo prisional, um “não lugar” de (in)ação geométrico,
exato, inorgânico; um polígono de múltiplas possibilidades para além da razão.
E vejo que tive muito isso nos espetáculos que dirigi”.
Wagner Corrêa de Araújo
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HÁ DIAS QUE NÃO MORRO. Criação de José Roberto Jardim, no Global Forms Theater Festival. NY,Junho de 2021. https://www.eventbrite.com/.../global-eye-ha-dias-que-nao... |
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