DAVID MOTTA : UM BRASILEIRO ESPERANÇA SOB OS REFLETORES DO BOLSHOI

O QUEBRA NOZES/ FOTOS ARQUIVO - BOLSHOI THEATRE OF RUSSIA

A trajetória deste jovem bailarino para os palcos internacionais é como a de muitos outros, originários das periferias e comunidades, que diante das carências sociais vêem na dança o resgate para um existir mais digno, longe dos atrativos da marginalidade, sob o imperativo de sua realização como artistas e cidadãos.

Esta história de uma luta para dar sentido à sua vida teve seu ponto de partida quando, com apenas oito anos,  ao acompanhar uma prima que estudava balé numa academia de Cabo Frio, ficava curioso à janela assistindo às aulas. Até que num belo dia, através do incentivo da professora Ophélia Corvello, aprendeu suas primeiras lições ainda como um segredo familiar.

“E foi a minha mãe, mesmo sem a menor noção do que era Dança Clássica, que acabou ficando do meu lado”, diz David.  Foi uma fase difícil pelo enfrentamento de uma certa indiferença de um pai desempregado, sem se ater muito ao preconceito contra um menino bailarino e mais pela falta de qualquer noção sobre o significado do universo artístico, pelo status de gente humilde e longe desta realidade.

Impressionando com a dedicação e o bom jeito que demonstrava para o métier, em pouco tempo estava participando de seu primeiro concurso em Brasília levado, ali, por Regina Corvello : “Com apenas três meses de balé conquistou sua primeira medalha, surpreendendo a todos com segurança e presença de palco raras em alguém tão jovem e inexperiente”. Seguindo-se a este a participação em outros eventos coreográficos, culminando na sua escolha pelo Youth America Grand Prix de Nova York.

Impossibilitado por suas condições financeiras de fazer a viagem, por intermédio de um vídeo enviado à maratona, acabou sendo convidado a participar de um curso seletivo da Academia do Ballet Boshoi, o passaporte para sua ida definitiva para Moscou. Com apenas 13 anos, sem falar uma palavra em inglês ou russo e, muito menos, sem ler o alfabeto cirílico.

Até receber, cinco anos depois, de uma seleção russa presidida pelo celebrado Yuri Grigorovich a indicação, por seu apuro técnico, para integrar o Corpo de Baile do Bolshoi Ballet. “Passei a fazer parte, assim, de uma das mais importantes companhias clássicas do mundo. O que não me impede, também, um certo desejo de experimentar os balés contemporâneos. Sem pretensão, neste momento, ao oficio coreográfico, um dom  muito lindo mas para o qual ainda não fui abençoado”...

GISELLE/ FOTOS ARQUIVO - BOLSHOI THEATRE OF RUSSIA

Na categoria de solista clássico David já se destacou como protagonista em Giselle, Quebra Nozes, Don Quixote (“O espetáculo com que mais me identifiquei por seu apelo carismático, especialmente por tê-lo estreado para a festa dos 80 anos de meu amado professor Vladimir Nikonov”).

Mas pelas qualificações de David como primeiro solista, ele tem participado de balés de linhagem característica psicológico-nacionalista russa como Um Herói do Nosso Tempo, do coreógrafo Yuri Poshkhov, a partir da obra original do escritor e poeta Mikhail Lérmontov. Uma chance de amadurecer mais sua integração à mais autêntica cultura do país em que atua como artista estrangeiro.

Sobre sua experiência no papel de Petchorin : “Ser escalado para protagonizar esta história foi para mim uma grande honra e um aprendizado gigantesco não só pela importância de um coreógrafo atual como pela chance de se identificar mais com a história russa”.

Em 2018, numa de suas raras vindas ao Brasil, David dançou pela primeira vez com o Ballet do Theatro Municipal carioca, no Pas d’Hongrois (ao lado da solista Juliana Valadão) e em Les Sylphides, junto à sua primeira bailarina Claudia Mota (“David é um bailarino que, com tão pouca idade, já possui um nível de maturidade que é o sonho de qualquer partner”).

Opinião endossada pela então diretora artística do BTM, Cecília Kerche : “Ocupando hoje o posto de Primeiro Solista do Teatro Bolshoi, está sabendo trabalhar com humildade e perseverança para se superar e tornar-se um artista da dança realmente preparado para assumir os desafios que uma carreira de bailarino de alta performance exige”.

Ainda longe do período de término compulsório de um profissional do Bolshoi, David entrega-se convicto à sua missão de dançar numa exaustiva jornada diária quase sem fim. E conclui - “A dança clássica evoluiu bem sintonizada com o nosso tempo, nas suas exigências por um perfeccionismo físico-sensorial de bailarinos longilíneos e cada vez com maior suporte de flexibilidade e de alongamento”.

Mas afinal não é este o auto retrato sem retoques e a marca singular do talento de Davi Motta Soares, capaz de viver um herói de seu tempo como bailarino e (com licença de Paulo Pontes), também, de apresentar-se como um brasileiro profissão esperança?...

                                        Wagner Corrêa de Araújo

DON QUIXOTE/ Grand Pas de Deux, com MARGARITA SHRAYNER /  FOTOS ARQUIVO - BOLSHOI THEATRE OF RUSSIA

BILLDOG 2 - O MONSTRO DENTRO DELE : POR UMA ESCRITURA CÊNICA PERFORMATIVA

FOTOS/ GUARIM DE LORENA

Em 2012, uma incursão dramatúrgica do inglês Joe Bone e do ator Gustavo Rodrigues, com segura supervisão artística de Guilherme Leme Garcia, estabelecia um inusitado jogo cênico de 38 personagens para um intérprete solista, acompanhado em cena por um músico e mergulhado, entre falas, sons, sombras e luzes, num múltiplo confronto de linguagens artísticas.

Com referenciais da cultura pop, do blues rock, do universo das HQs, do cinema noir, dos filmes B, estendendo-se a um mix de experimentos cênico-vocais marcados pela  estética da stand up comedy e de uma escritura cênica performativa .

Com um sutil substrato conceitual de representação físico-textual aproximativa do teatro de imagens de Kantor e do teatro pobre de Grotovsky. No alcance gestual- pantomímico de uma corporeidade falante e com subliminares ecos coreográficos de uma minimal dance (com preparo corporal de Brisa Caleri).

Numa abordagem temática dos submundos do crime e da trajetória mafiosa de um anti-herói, miliciano profissional no entremeio de perseguições e fugas de bandidos rivais, em paisagem de violência, sinistros e crimes terminais.

Continuada, agora, neste Billdog 2 : O Monstro Dentro Dele (repetindo uma qualitativa equipe concepcional), para 46 personificações, com os mesmos ingredientes da primeira versão. Mas, desta vez, dando lugar a uma certa versatilidade na abordagem temática. Ao transmutar o protagonista valentão (Gustavo Rodrigues) em ensimesmado personagem desafiado por uma crise existencial.  

Nesse embate psico-ético, direcionado a um emergente conflito interior, ele transita no avesso de seu inventário memorial de convicto vilão e matador de aluguel ao se deparar com o enfrentamento de risco iminente para seu ofício de vida.

Ao ser surpreendido pelo surto psicótico do mandante do crime que acaba por colocá-lo, à beira de um ataque de nervos, num abismo de lixo tóxico. Acentuado, em clima de pulp fiction, pelas marcações de sombrios efeitos luminares (Aurélio de Simoni).

Incidindo sobre o vazio de uma caixa cênica e ressaltando o black recato do figurino (Reinaldo Patrício) para concentrar o uso de múltiplas caracterizações em indumentária única para  46 papéis. Não viabilizando, também, qualquer sublinhamento visagista.

E pelas incidências sonoras – de ruídos urbanos e acordes pop rock a práticas vocais recorrentes de filmes de animação e de tramas policialescas – assumidos por energizada releitura do músico Tauã de Lorena para a trilha original de Ben Roe, através de riffs de guitarra  e a participação, na bateria, de Guiga Fonseca.

Com extensão a citações roqueiras, vocais e instrumentais, pelo próprio Gustavo Rodrigues desdobrando-se, assim, numa performance maratonista de exigente acionamento corporal e exaustividade  física, escorrendo suor por todos os poros.

Provocativa do imaginário de cada espectador para imprimir interativas definições visuais-reflexivas no alcance da diversidade gestual e auditiva do ator, em seu abstrato conluio, mimético e onomatopaico, com as intercessões  de cada um dos personagens.

Que, se de um lado, não consegue escapar de uma progressão dramática reiterativa em demasia e de perceptível fastio para a assimilação, em compasso de insistente instantaneidade, de tipos que entram, saem e desaparecem a seguir.

De outro, enfim,  não chega a inviabilizar o caráter lúdico e o senso estético de uma realização teatral que, antes de tudo, incentiva a busca investigativa nos palcos cariocas.

Por seu livre exercício das atitudes criadoras e por uma carismática pulsão performática sintonizada com novos direcionamentos da dramaturgia contemporânea.

                                            Wagner Corrêa de Araújo



BILLDOG 2 : O MONSTRO  DENTRO DELE está em cartaz no Teatro III (CCBB), Centro/RJ, de quarta a domingo, às 19h30. 65 minutos. Até 1º de março.

LEOPOLDINA, INDEPENDÊNCIA E MORTE : RECADO PARA TEMPOS DE OBSCURA CONSCIÊNCIA NACIONALISTA

FOTOS/ MAÍRA BARILLO

Um espetáculo diferencial faz uma incursão a um dos momentos capitais de nossa história pátria esclarecendo mas, também, desmistificando fatos de nossa decisiva passagem para país independente.

Trata-se de Leopoldina, Independência e Morte, com escritura dramatúrgica e direcional por Marco Damigo. Através do olhar armado na personalidade e na figura de D. Maria Leopoldina, primeira esposa do Príncipe herdeiro D.Pedro e futura Imperatriz do Brasil, logo após os episódios que precipitaram a proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822.

Acontecimentos que tiveram a decisória intervenção de Leopoldina, como Regente na viagem de D. Pedro, através de atos e correspondência oficial, datados do dia 2 de setembro anterior, em conluio com José Bonifácio e o Conselho de Estado.

Levando à desmistificação histórica da exclusividade episódica de um ato isolado e de um grito heroico às margens do Ipiranga. E em paisagismo imaginário e fantasioso idealizado em quadro de Pedro Américo, de 1888, esteticamente inspirado na pintura europeia neoclássica e romântica de teor heróico-nacionalista.

A progressão narrativa da peça prioriza a personagem de Leopoldina (1797-1826) originária da Casa de Habsburgo - Lorena, arquiduquesa de requintada formação aristocrática, com acurada dedicação ao hábito da leitura e uma nítida preferencia pela pesquisa das ciências naturais, conhecimento linguístico e cultura musical, à parte de sua sólida experiência em assuntos políticos.

E que, aqui chegando, encontrou, em princípio, um Príncipe consorte com todos os atributos de  galanteria e nobreza, desfeitos na passagem dos anos, com suas traições amorosas, culminando com a de Domitila de Castro. E, ainda, em progressivo e cada vez mais desprezível tratamento à condição feminina de Leopoldina, quase considerada apenas como geradora oficial e infeliz de nove filhos, entre abortos e mortes, com sobrevivência do último e futuro herdeiro do trono, Pedro II.

O tratamento dramatúrgico não consegue, por seu próprio substrato histórico, escapar de um linear didatismo, natural para atender aos propósitos de uma peça com foco em personagem deveras conhecido, desde os bancos escolares. Embora não como deveria ser em revelador mérito da peça, num clamor de protesto às inverdades sobre seu ofício menor e pelo privilégio de sua idealista luta pela consolidação de um Império.

Ainda que se incorra a uma desnecessária e quase invasiva intervenção presencial do personagem José Bonifácio (Plínio Soares), com uma interpretação um pouco dura, meramente ilustrativa e professoral demais em relação ao sensorial tratamento imprimido ao papel titular, na convicta e espontânea entrega da atriz Sara Antunes.

O tom melancólico desta trama de sofrimentos e decepções pessoais alcança maior densidade psicofísica na luminosa performance da atriz, mas se completa, também, no contraste dos graves acordes de um cello às harmonias pastorais de uma flauta transversal, com segura interpretação ao vivo por Ana Eliza Colomar.

Sendo de bom gosto e funcionalidade a arquitetura cênica (Renato Bolelli Rebouças), entre projeções e plantas, sugestionando uma grande tapeçaria com ambiências palacianas, ora solenes, ora soturnas, especialmente nas cenas finais do delírio e morte de Leopoldina. Com figurinos (Cássio Brasil) variacionais em seus dois módulos solistas, indo da elegancia aristocrática ao despojamento e ao recato. Sempre sob os efeitos luminares (Aline Santini), ora vazados ora sublinhando climas emotivos.

Este arcabouço dramático em formato de um longo solilóquio, com um prevalente sotaque de tragicidade e de patéticos ecos da vida privada de uma Imperatriz provoca, em processo de transcendente reflexão, um abrangente referencial sobre a mulher na contemporaneidade, especialmente a brasileira, que continua, passados dois séculos, em busca ainda do seu digno e merecido lugar .

Para partilhar da construção social e do protagonismo político, além da vivência doméstica de esposas e mães, em processo igualitário ao outro sexo, longe de tantos e tamanhos absurdos na resistente habitualidade dos terríveis avanços e contínuos abusos machistas sobre o status e contra a identidade do feminino.

                                             Wagner Corrêa de Araújo



LEOPOLDINA, INDEPENDÊNCIA E MORTE está em cartaz no Teatro II (CCBB), Centro/RJ, de quarta a domingo, às 19h. 80 minutos. Até 23 de fevereiro.

O MARIDO DO DANIEL : OU ATÉ ONDE LUTAR POR QUEM AMAMOS

FOTOS/CRISTINA GRANATO

Já a partir do título da mais recente peça de um conhecido dramaturgo americano do circuito off-Broadway – Michael McKeever mas, até então, inédito entre nós, paira o questionamento de que O Marido do Daniel seria mais uma destas previsíveis incursões no universo gay.

Tudo levando a crer que seríamos fisgados por outro destes espetáculos carregados de obviedades e com superficial aprofundamento na problemática LGBT e seus desafios diante da pétrea resistência de uma sociedade conservadora.

No seu inicial descortino de uma espécie de comédia arco-íris sintonizada na contemporaneidade pós hecatombe da AIDS e na perspectiva de tempos de conquistas legislativas pelo reconhecimento cidadão das diversidades nas identificações sexuais e no direcionamento ao casamento  entre iguais.

Onde somos apresentados a um típico casal gay de meia idade, o arquiteto Daniel (Ciro Sales) e o escritor Murilo (Bruno Cabrerizo) recebendo para um jantar, em seu sofisticado apartamento de uma classe média em ascensão, Barthô (Alexandre Lino), agente literário deste último, acompanhando de mais um de seus amantes jovens - Fred (José Pedro Peter), um assistente de saúde.

Numa concepção cenográfica de simplificação minimalista (Clívia Cohen) com um sofá central que vai se decompondo dentro da moldura vazia de um quadro, com luzes apenas vazadas (Felício Mafra) e uma indumentária (Humberto Correia) dia-a-dia para os personagens masculinos e mais formal nos trajes da atriz Dedina Bernardelli.

Entre drinques e entradas preparadas por Daniel, desfilam ligeiras conversações de amenidades cotidianas e de gostos pessoais a opiniões sobre arte até que, inquirido sobre uma relação ainda não registrada em juízo apesar de sete anos juntos, Murilo defende sua posição obstinada contra esta oficialização de teor jurídico do casamento entre iguais.

Que ele, ao contrario de Daniel, considera inócua, obsoleta, antiquada, numa formalização mais ligada às questões de futura segurança financeira e presencial esclarecimento sócio/familiar, prevalecendo sempre sobre o prazer libertário do autentico relacionamento afetivo entre dois iguais.

A partir daí torna-se perceptível uma mudança na progressão da narrativa dramática ocupando, aos poucos,  o lugar do descompromisso lúdico, no entremeio de lances bem humorados e dos trejeitos ironicamente risíveis assumidos, convictamente, em caráter especial por parte de Barthô (Alexandre Lino).

Onde ele quase domina sozinho a cena com envolvência ímpar, numa espontaneidade gestual e numa proposital verbalização afetada que, longe do mero clichê, conquista imediatamente a cumplicidade do público. Completada nas episódicas intervenções de seu namorado Fred (José Pedro Peter), menos favorecido pelas limitações de seu próprio  papel.

Mas a qualidade da representação em compasso de unicidade, se estende ao sotaque verista conferido ao personagem declaradamente romantizado de Daniel (Ciro Sales), com sua crença ferrenha de que apenas o cartório pode solidificar e garantir o convívio domiciliar "in aeternum" e a intimista trajetória com Murilo, nesta parceria de vida e de cama.

E, também, ao confronto pelo auto descrédito no próprio potencial de ficcionista que Murilo, numa incisiva performance de Bruno Cabrerizo, por vezes, compara ao mais digestível, como uma subliteratura de substrato LGBT. “Chiclete literário", classificação desprezível não compartilhada por Fred um confesso leitor de seus escritos virtuais e impressos.

Com a entrada do único personagem feminino, a mãe de Daniel, em energizada entrega de Dedina Bernardelli a um papel de incomoda arrogância e provocadora pulsão, a sequencial mudança psicológica na trama vai, aos poucos, com surpreendentes revelações,  adquirindo uma inesperada e patética inflexão de trágicas nuances.

Que o seguro comando diretorial de Gilberto Gawronski sabe imprimir, com sensorial dinâmica e sutil inventividade, na difícil passagem modal entre o cômico e o trágico. Do micro contexto gay para o alcance de uma macro visão da transcendência dos relacionamentos amorosos, em seus embates contra todas as formas de intolerância, de preconceito e de exclusão.

                                           Wagner Corrêa de Araújo


O MARIDO DO DANIEL está em cartaz no Teatro Petra Gold/Leblon, quartas e quintas às 20h. 100 minutos.  Até 20 de fevereiro.

8ª EDIÇÃO DO PRÊMIO BOTEQUIM CULTURAL : OS VENCEDORES

FOTO/RENATO MELLO

Em mais uma concorrida noite prestigiada pelo público e pela classe teatral aconteceu, no Teatro Sesi/Firjan, a festa comemorativa da entrega do disputado troféu em bronze (obra do artista Edgar Duvivier), inspirado na figura de D.Quixote sob o signo do idealismo e do sonho, às 27 categorias do Prêmio Botequim Cultural referentes ao ano de 2019. 

Com uma energizada apresentação da dupla de atores Carol Garcia e Márcio Nascimento e a participação, na entrega dos troféus, de diversos representantes da classe teatral.

E, desta vez, inaugurando a primeira láurea à sua mais nova categoria – Direção de Movimento/Coreografia – estreando um gênero nas premiações teatrais e atendendo, assim, à justa reivindicação dos profissionais desta área.

Foram anunciadas outras inovações para a edição 2020, como o prêmio Destaque Técnico para Espetáculo Infantojuvenil, e a extensão à comissão julgadora de poder conferir Prêmios de Melhor Espetáculo Drama/Comédia, Melhor Espetáculo Musical e Melhor Espetáculo Infantojuvenil, paralelamente à escolha destas premiações pelo voto popular.

Com a entrada da atriz e diretora Júlia Stockler, o júri passa a ter a seguinte composição – Júlia Stockler, Sergio Fonta, Wagner Corrêa de Araújo, Zé Helou, além de Renato Mello, presidente e idealizador do Prêmio Botequim Cultural.

DRAMA/COMÉDIA

Melhor Espetáculo
– As Crianças

Melhor Direção
– Rodrigo Portella(As Crianças)

Autor (Original/Adaptado)
– Leonardo Netto (3 Maneiras de Tocar no Assunto)

Melhor Ator
- Kiko Mascarenhas (Todas as Coisas Maravilhosas)

Melhor Atriz
– Analu Prestes (As Crianças)

TEATRO MUSICAL

Melhor Espetáculo
– A Cor Púrpura, o Musical

Melhor Diretor
– Tadeu Aguiar (A Cor Púrpura, O Musical)

Melhor Autor (Original/Adaptado)
– Artur Xexéo (A Cor Púrpura, o Musical)

Melhor Ator
– Patrick Amstalden (Ao Som de Raul Seixas: Merlin e Arthur – um Sonho de Liberdade)

Melhor Atriz
– Letícia Soares (A Cor Púrpura, o Musical)

TEATRO INFANTOJUVENIL

Melhor Espetáculo
– O Príncipe Poeira e a Flor do Coração

Melhor Direção
– Débora Lamm (Suelen Nara Ian)

Melhor Autor (Original/Adaptado)
– Saulo Sisnando (O Príncipe Poeira e a Flor do Coração)

Melhor Ator
– Fabrício Polido (O Príncipe Poeira e a Flor do Coração)

Melhor Atriz
– Letícia Medella (Vamos Comprar um Poeta)

ATOR/ATRIZ EM PAPEL COADJUVANTE
(sem distinção de segmento)

Melhor Ator em Papel Coadjuvante
– Alan Rocha (A Cor Púrpura, o Musical)

Melhor Atriz em Papel Coadjuvante
– Flávia Santana (A Cor Púrpura, o Musical)

CATEGORIAS TÉCNICAS
(sem distinção de segmento)

Melhor Direção Musical
– Tony Luchessi (A Cor Púrpura, o Musical)

Melhor Cenografia
– Natália Lana (A Cor Púrpura o Musical)

Melhor Figurino
– Dani Vidal e Ney Madeira (A Cor Púrpura, o Musical)

Melhor Iluminação
– Rogério Wiltgen (A Cor Púrpura, o Musical)

Melhor Direção de Movimento/Coreografia
– Sueli Guerra (A Cor Púrpura, o Musical)

PRÊMIO ESPECIAL

(artista, criador ou manifestação relevante ao cenário teatral carioca)
Rodrigo França, referência ao trabalho de qualidade e militância pela valorização da negritude, com destaque para “Oboró – Masculinidades Negras” e todo seu elenco.

A COR PÚRPURA - O MUSICAL : O GRANDE CAMPEÃO DA NOITE DOS PRÊMIOS  BOTEQUIM CULTURAL 2019.


LAZARUS : VIAGEM LISÉRGICO/MUSICAL AOS ESPAÇOS SIDERAIS DA MENTE

FOTOS/ ARIELA BUENO/FLAVIA CANAVARRO

Inspirado ou, melhor, em processo sequencial ao roteiro do filme, de 1976 por Nicolas Roeg, O Homem que Caiu na Terra, protagonizado por Davi Bowie, Lazarus é uma criação conjunta do roqueiro britanico e do dramaturgo irlandês Enda Walsh. No formato de um inusitado musical estreado em dezembro de 2015, um mês antes da morte de Bowie.

Sua transubstância dramática funciona num status quase inverso ao da versão cinematográfica, ao fazer seu protagonista - um alienígena humanóide - sair da dimensão espacial planetária, de Marte para um flat do East Village nova-iorquino. Em pulsão solitária e reclusa, cercado por lembranças do passado, entre doses seguidas de álcool e cigarros, no compasso alucinatório de uma trajetória existencial, em clima no sense, sob sombria perspectiva terminal.

Enquanto sonha com amores perdidos e recebe visitantes enigmáticos, desde personagens femininos, terráqueos ou galácticos, transfixiantes anjos e demônios, representados num convívio sinistro até de um sugestionado serial killer portando punhais com as mãos manchadas de sangue.

Onde uma visionária e luminosa concepção cenográfica faz funcional e fantasioso uso de reflexos especulares, em plataformas de declive móvel (Daniela Thomas e Felipe Tessara), sob psicodélicos efeitos luminares e projecionais (Beto Bruel / Henrique Martins). 

Incluída a indumentária (Veronica Julian e Diogo Costa) mixando coloquialismo com traços futuristas, ampliados no visagismo de Mima Mizukami, dando eco a uma inventiva e integralizada sofisticação visual, com o habitual avanço estético direcionado por Felipe Hirsch.

E completada no potencializado score musical e arranjos de Maria Beraldo e Mariá Portugal para 17 composições, entre hits e alguns inéditos de Bowie, como Lazarus, titulando o musical. Interpretado, aqui, por artesanal ensemble de doze atores e cinco instrumentistas, manipulando sopros, cordas, sintetizadores e percussão.

Enfim, uma parafernália de recursos cinético-sonoros capaz de impressionar, por suas soluções oníricas e resultados auditivos, o mais acomodado dos espectadores. Mas, ao mesmo tempo, fragilizada nas suas intermissões textuais com uma radicalizada e insistente incursão, na linhagem trip alter ego, da mente alucinógena e espectral do personagem Tomas Jerome Newton (Jesuíta Barbosa).

Este com um referencial físico de aporte memorial do próprio Bowie e uma reveladora qualificação performático-vocal de um ator com já carismático nome no cinema e na televisão e, praticamente, estreando bravamente nos palcos musicais. Não muito distante da convicta envolvência de Bruna Guerin e, também, sem deixar de ressaltar a representação de Carla Salle, Gabriel Stauffer e Rafael Sosso (especial como o estranho serial killer) na unicidade de um elenco de doze intérpretes.

Mas que, por acaso, leva a platéia brasileira ao mesmo estado catatônico e anti-emocional experimentado nas temporadas americanas e londrina, repercutido em significativa parte da crítica, por seus instantâneos intermédios cênicos de confusa simbologia, reiterativa e entorpecedora, entre o tonitruante e salvador brilho das canções.

Mesmo assim, sem inviabilizar de vez a sua proposta de teatro musical, na sua mais valia como um espetáculo de prevalência do transe sensorial com imersão lisérgica, conectando o imaginário conceitual das letras projetadas em 3D com incisivas sonoridades pop/rock.

Através de registros icônicos como Absolute Begginners, Life on Mars, Valentine’s Day, Changes, Heroes, entre outros, numa espécie de catártica instalação plástico/teatral dimensionada em descolado musical jukebox. Pleno de Sound and Vision (remetendo ao título de uma destas composições), incomodo por sua iconoclasta narrativa dramatúrgica, mas necessário por seu visceral descortino da desesperança humana.

                                          Wagner Corrêa de Araújo


LAZARUS está em cartaz no Teatro Multiplan/Village Mall/Barra da Tijuca, de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h30m. 120 minutos. Até 16 de março.

PRÊMIO BRASIL MUSICAL: OS INDICADOS DA SEGUNDA EDIÇÃO – 2019

A COR PÚRPURA - O MUSICAL 

O PREMIO BRASIL MUSICAL, idealizado por Thomaz Brasil, com uma premiação de abrangência nacional, chega agora à sua Segunda Edição. As classificações, fugindo da exclusividade do circuito Rio-São Paulo, vem alcançando, em proposta inédita, as criações de outras regiões. São 27 categorias, com destaque nesta 2ª edição, dos musicais “A Cor Púrpura”, com 14 indicações, “Ao Som de Raul Seixas, Merlin e Arthur, um Sonho de Liberdade”, com 12, e empatados  com 9 indicações, “O Som e a Sílaba” e “Lembro Todo Dia de Você”.

O Júri, com participação por regiões, tem a seguinte formação:

Belém, PA : Guál Dídimo (Diretor e Produtor), Tiago de Pinho (Ator e Produtor). Belo Horizonte, MG : Beto Sorolli (Revolução Vocal), Fernando Bustamante (Ator e Produtor). Curitiba, PR: Ricardo Bührer (Produtor e Versionista), Giovana Póvoas (Atriz e Dançarina), Débora Bergamo (Diretora). Florianópolis, SC : Marco Audino (Diretor e Professor de Teatro). Fortaleza, CE : André Gress (Diretor e Produtor), Daniel Marinho (DM Versões), Juliana Saraiva (Diretora e Produtora). Macapá, AP: Cayton Farias (Ator e Produtor). Manaus, AM: Matheus Sabbá (Ator e Diretor). Natal, RN: Danielle Galvão (Atriz e Produtora), Eduardo Zayit (Ator e Produtor). Porto Alegre, RS: Cíntia Ferrer (Atriz e Produtora), Cynthia Geyer (Musicista e Produtora). Recife, PE : Gabriel Lopes (Ator e Produtor). Rio de Janeiro, RJ: Alex Silva (Musical.Rio), Cláudio Martins (A Broadway É Aqui!), Gilberto Bartholo (O Teatro me Representa), Leandro Terra (Ator e Produtor), Leonardo Torres (Teatro em Cena), Marcelo Aouila (Aouila no Teatro), Paulo Fernando Góes (Incitarte), Thomaz Brasil (Broadway_Brasil), Wagner Correa de Araujo (Escrituras Cênicas). São Paulo, SP: Ali Hassan Ayache (Ópera & Ballet), Édipo Regis (A Broadway É Aqui!), Filipe Vicente (Setor VIP), Ligia Paula Machado (Atriz e Produtora), Rafael Oliveira (Musical em Bom Português).


Melhor Musical

A Cor Púrpura
Escola do Rock
Lembro Todo Dia de Você
Merlin e Arthur
O Som e a Sílaba

Musical Carioca

A Cor Púrpura
Merlin e Arthur
Meu Destino É Ser Star
Monstros
Nelson Gonçalves

Musical Paulista

Billy Elliot
Cangaceiras
Chaves
Escola do Rock
Sunset Boulevard

Musical Original

Eros
Lembro Todo Dia de Você
Merlin e Arthur
Nelson Gonçalves
O Som e a Sílaba

Musical Adaptado

As Comadres
Company
A Cor Púrpura
Despertar da Primavera
Monstros

Musical Infantil

Aladdin
Ombela
Peter Pan
Raulzito Beleza
Vamos Comprar Um Poeta

Sucesso de Público

70 Doc Musical
Beatles Num Céu de Diamantes
Cazuza
Elza
Emilinha
O Frenético Dancin’ Days

Musical em Tour

Bibi, Uma Vida Em Musical
Elza
O Frenético Dancin’ Days
Gota D’Água (a seco]
Meu Destino É Ser Star
O Som e a Sílaba

Ator

Claudio Lins (Monstros)
Davi Tápias (Lembro Todo Dia de Você)
Guilherme Logullo (Nelson Gonçalves)
Mateus Ribeiro (Peter Pan)
Roderick Himeros (Roda Viva)

Atriz

Alessandra Maestrini (O Som e a Sílaba)
Flavia Santana (As Comadres)
Jullie (Nelson Gonçalves)
Letícia Soares (A Cor Púrpura)
Soraya Ravenle (Monstros)

Ator Coadjuvante

Alan Rocha (A Cor Púrpura)
Gui Calzavara (Roda Viva)
Mateus Ribeiro (Meu Destino É Ser Star)
Patrick Amstalden (Merlin e Arthur)
Saulo Segreto (Merlin e Arthur)

Atriz Coadjuvante

Bel Lima (Cole Porter)
Helga Nemetick (Company)
Kacau Gomes (Merlin e Arthur)
Lilian Valeska (A Cor Púrpura)
Stella Maria Rodrigues (Company)

Ator / Atriz Revelação

Arthur Berges (Escola do Rock)
Jéssica Ellen (Meu Destino É Ser Star)
Jesuita Barbosa (Lazarus)
Luiza Loroza (Reza)
Moira Osório (Elis, a Musical)
Thabata Almeida (Despertar da Primavera)

Alternate /Cover

Andrezza Massei (Sunset Boulevard)
Carol Botelho (Meu Destino É Ser Star)
Jana Amorim (Escola do Rock)
Marcela Bártholo (Brilha La Luna)
Murilo Armacollo (Heathers)

Ensemble

As Comadres
Company
A Cor Púrpura
Lembro Todo Dia de Você
Meu Destino É Ser Star
Peter Pan

Direção

Guilherme Leme Garcia (Merlin e Arthur)
Tadeu Aguiar (A Cor Púrpura)
Tania Nardini (Nelson Gonçalves)
Zé Celso (Roda Viva)
Zé Henrique de Paula (Lembro Todo Dia de Você)

Direção Musical

Azullllllll (Monstros)
Fabio Cardia e Jules Vandystadt (Merlin e Arthur)
Fernanda Maia (Lembro Todo Dia de Você)
Tony Lucchesi (A Cor Púrpura)
Wladimir Pinheiro (As Comadres)

Texto Original

Allan da Rosa e Carmen Luz (Reza)
Fernanda Maia (Lembro Todo Dia de Você)
Márcia Zanelatto (Merlin e Arthur)
Miguel Falabella (O Som e a Sílaba)
Tiago Rocha (Cartas Para Gonzaguinha)

Trilha Original

Andre Muato (Reza)
Carlos Bauzys e Igor Miranda (Aladdin)
Jay Vaquer (Aconteceu de Acontecer Assim)
Rafa Miranda e Fernanda Maia (Lembro Todo Dia de Você)
Rebecca Noguchi, Bernardo Rangel e Tânia Noguchi (Eros)

Versão Brasileira

Artur Xexéo (A Cor Púrpura)
Bianca Tadini e Luciano Andrey (Peter Pan)
Victor Garcia Peralta e Claudio Lins (Monstros)
Wladimir Pinheiro e Sonia Dumont (As Comadres)

Cenografia

Chris Aizner e Nilton Aizner (Peter Pan)
Mina Quental (As Comadres)
Natália Lana (A Cor Púrpura)
Rogério Falcão (Despertar da Primavera)
Zezinho Santos e Turíbio Santos (O Som e a Sílaba)

Coreografia

Alonso Barros (Peter Pan)
Sueli Guerra (A Cor Púrpura)
Tania Nardini (Nelson Gonçalves)
Toni Rodrigues (Merlin e Arthur)
Victor Maia (Meu Destino É Ser Star)

Figurino

Fause Haten (Nelson Gonçalves)
João Pimenta (Merlin e Arthur)
Karen Brusttolin (Grandes Encontros da MPB)
Ligia Rocha e Marco Pacheco (O Som e a Sílaba)
Ney Madeira e Dani Vidal (A Cor Púrpura)

Iluminação

Fran Barros (Lembro Todo Dia de Você)
Paulo César Medeiros (Despertar da Primavera)
Renato Machado (Meu Destino É Ser Star)
Rogério Wiltgen (A Cor Púrpura)
Wagner Freire (O Som e a Sílaba)

Visagismo

Cris Regis (Despertar da Primavera)
Diego Nardes (Nelson Gonçalves)
Fernando Torquatto (Merlin e Arthur)
Sergio Abajur (Peter Pan)
Wilson Eliodoro (O Som e a Sílaba)

Musical Centro-Oeste

Contos de Alcova (Companhia Goldoni – Brasília, DF)
Contra o Amor (Teatro do Instante – Brasília, DF)
O Rei do Show (Actus Produções – Brasília, DF)
Os Saltimbancos (Agrupação Teatral Amacaca – Brasília, DF)

Musical Nordeste

High School Musical (Oficina de Interpretação SLZ – São Luís, MA)
Rent (The Biz – Fortaleza, CE)
Sob o Céu de Orion (Poli Teatro Musical – Natal, RN)
Sonho de Uma Noite de Verão na Bahia (Coletivo4 – Salvador, BA)

Musical Norte

A Caixa Mágica do Natal (Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Governo do Amazonas – Manaus, AM)
Aladdin (Casa de Artes Tiago de Pinho – Belém, PA)
Cats (Casa de Artes Tiago de Pinho – Belém, PA)
Urinal (Dir. Matheus Sabbá – Manaus, AM)

Musical Sudeste

Além do Ar (Fund. Lia Maria Aguiar – Campos do Jordão, SP)
Madame Satã (Grupo dos Dez – Belo Horizonte, MG)
Webber (Faculdade de Música do Espírito Santo – Vitória, ES)

Musical Sul

Chicago (Projeto Broadway – Curitiba, PR)
Os Miseráveis Experience (Bublitz Academia de Musicais – Porto Alegre, RS)
Waitress (Projeto Broadway – Curitiba, PR)


Ao Som de Raul Seixas, Merlin e Arthur, um Sonho de Liberdade

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