FOTOS/CAIO GALLUCCI |
Ghost, o original cinematográfico de 1990(Jerry Zucker) com sucesso comercial , dois Oscars (Roteiro
, + atriz coadjuvante- Whoopi Goldberg) e dossiê de apoio crítico como típica
trama romântica hollywoodiana, nunca emplacou em sua versão
musical para o palco(Bruce Joel Rubin). Com suas turnês
internacionais, desde sua première britânica em Manchester (2011), não
conseguiu mais que quatro meses em cartaz na Broadway.
Na concepção inglesa apostou-se na potencialização dos
efeitos técnicos para sugestionar o
fantasioso enredo post mortem sobre Sam( André Loddi),um jovem bancário
assassinado por inveja financeira e
ciúme amoroso pairando, espiritualizado, na fantasmagoria de um anjo protetor da inconsolável namorada, a
ceramista Molly (Giulia Nadruz).
E que insistindo em
sua permanência no plano terreno, sob a égide da farsa mediúnica de Oda Mae Brown(Ludmilla Anjos), tudo faz para esclarecer a incitação traidora do colega de trabalho Carl (Igor Miranda)ao assalto homicida, através do marginal Willie(Franco Kuster), numa lúgubre
esquina do Brooklyn nova-iorquino.
Mas se os sofisticados recursos luminares da montagem inglesa
(do mistificador mor Paul Kieve)
ampliaram os resultados de ilusionismo aproximando-os das facilitações tecnológicas da obra fílmica, na produção
brasileira eles aparecem em proporção minimizada.
Limitando-se, praticamente, às mobilidades e sobreposições do vistoso Led cenográfico de Renato Theobaldo, com o apoio de extensa equipe de designers de luz e projeções. Completada, também, com uma funcionalidade recatada de seu figurino(Miko Ashimoto).
Limitando-se, praticamente, às mobilidades e sobreposições do vistoso Led cenográfico de Renato Theobaldo, com o apoio de extensa equipe de designers de luz e projeções. Completada, também, com uma funcionalidade recatada de seu figurino(Miko Ashimoto).
Perdida, assim, parte significativa da criação original e que
, de certa maneira, era sua maior
valoração para vencer uma equivocada trilha musical(D.Stewart/G.Ballard), de
rareado acerto inventivo/melódico. Com a
única excepcionalidade na canção leitmotiv Unchained
Melody, retomada de um clássico, anos 50, da canção americana(H.Zaret/Alex North). Preservada no inglês integral da sua letra pela adaptação do roteirista e produtor geral Ricardo Marques.
A dedicada conduta musical de Paulo Nogueira , ao mesmo tempo que
encontra cuidadosos ecos no gestual e no convencionalismo coreográfico(Floriano Nogueira), não evita desequilíbrios
na vocalização do elenco principal. Fazendo este destacar-se melhor na performance teatral que na musical. Com mais
perceptível alcance na singular entrega de Ludmillah Anjos à representação, com
um sotaque humorado de baianidade, na armada personagem da vidente.
No caso específico da dupla Loddi/Narduz a indefinição de tessituras
na zona alterativa entre graves ou agudos, apesar do relevante esforço para
alcançar um maior ajuste qualitativo de tonalidades, não atinge uma unicidade interpretativa
nos solos e nos duos.
Sublimada, aqui, na compensação positiva da presencial fisicalidade e da
perceptível busca de uma convicta carga
emotiva para seus papéis. Com diferentes gradações de acordo, ainda, com as
interferências cênicas de Igor Miranda e Franco Kuster.
Onde, mesmo com sua assídua e maturada trajetória pelo musical pátrio,
do autoral às remontagens do que vem de fora, a direção de José Possi Neto, desta vez, teve o
desafeto de não poder preencher os vazios de um débil score sonoro e dos riscos pela incomoda comparação fílmica, com o anseio do superativo retorno dramatúrgico pelo
milagre cênico.
Wagner Corrêa de Araújo
GHOST , O MUSICAL está em cartaz no Teatro Bradesco/Village Mall/Barra, sexta e sábado, às 21h; domingo, às 18h. 150 minutos. Até 5 de novembro.
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