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O Elixir do Amor. Ópera/TMRJ. Menelick de Carvalho/Direção Concepcional. Abril/2024. Fotos/Daniel Ebendinger. |
Com o Elisir d‘Amore, de Gaetano Donizetti, um exemplar modelo na tradição da opera buffa italiana, inicia-se a
temporada lírica 2024 do TMRJ. Que promete trazer outros títulos destacáveis
como o Tríptico, na comemoração do
centenário da morte de Giacomo Puccini, além da Rusalka, de Antonín Dvorák, uma obra-prima do repertório tcheco e
raramente presente em nossos palcos.
Sem deixar de mencionar a apresentação da primeira ópera composta
por Puccini – Le Villi – que completa
o tributo ao compositor, além da estreia
de mais uma das mais que bem-vindas criações operísticas sob sotaque de
brasilidade, por João Guilherme Ripper, desta vez com Candinho, numa homenagem a Candido Portinari.
Gaetano Donizetti, ao lado de Vicenzo Bellini e de Gioacchino
Rossini, foi um dos mais ativos compositores operísticos italianos da primeira
metade do século XIX. O Elixir de Amor, de 1832, sua mais popular ópera cômica,
antecedeu sua mais famosa ópera dramática Lucia
de Lammermoor, de 1835.
Com libreto de Felice Romani, é ambientada no meio rural e
mostra o embate amoroso travado entre Aldina, uma rica proprietária, e seus dois
pretendentes, Nemorino, um tímido
aldeão, e Belcore, um sargento de
passagem por ali com seu pelotão. Sendo tudo resolvido pelo charlatão Dulcamara e sua falsa poção mágica, capaz
de produzir os mesmos fluidos da paixão lendária de Tristão e Isolda.
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O Elixir do Amor. Ópera/Gaetano Donizetti. TMRJ. Felipe Prazeres/Maestro Titular. Abril/2024. Fotos/Daniel Ebendinger. |
A montagem do Municipal carioca, embasada na tradição do original,
acontece em dois atos que preenchem a caixa cênica do palco com os bonitos cenários
e figurinos de Desirée Bastos, inspirados pela conexão do orientalismo turco ao
provincianismo franco/italiano.
Com assumido conceitual estético de plasticidade pictórica no
entorno da ingenuidade e pureza do design de uma peça infantil, caracteres
sempre acentuados nas variações focais e pelos vazados efeitos luminares de
Paulo Ornelas, no sugestionamento de um quadro cênico primaveril.
Onde a Orquestra Sinfônica do TMRJ, no seguro comando por
Felipe Prazeres, procura se equilibrar nas indicações de uma partitura dimensionada
entre a energia dos acordes rítmicos e a leveza dos andamentos líricos. Sabendo
aproveitar bem as intervenções do corpo Coral preparado pelo seu maestro Edvan
Moraes, mesmo com ligeiros desencontros entre um grupo e outro.
Tudo acompanhado por uma cada vez mais reveladora concepção cênica/direcional
de Menelick de Carvalho, sabendo quebrar aquela antiga rigidez na postura gestual
dos intérpretes da grande ópera e que fazia, usualmente, prevalecer o canto em
detrimento de uma boa atuação atoral.
Com expressiva performance entre a comicidade e o lirismo tanto
do elenco protagonista como nas movimentações dos integrantes do Coro, desde seu
oficio de camponeses numa fazenda como na festa comemorativa de um casório,
aproveitando-se aqui a mesma ambiência cenográfica nos dois atos.
Havendo que se notabilizar a escolha de um acertado protagonismo
a começar da soprano Michele Menezes (Adina)
no magnetismo de um talento ascendente com seu fraseado espirituoso e sua elegante
coloratura. Seguido pela mais ocasional participação de outra soprano Fernanda
Schleder, no seu simpático presencial e na convincente vocalização da personagem
Gianetta.
No staff masculino,
o barítono Vinicius Atique com o brio de seu talento vocal imprimindo ao sargento
Belcore a animada configuração de um
convicto militar e de um atrevido amante.
Intermediado pela chegada triunfante e as entradas explosivas
do prestidigitador Dulcamara
anunciando seu elixir milagroso (Udite,
udite, o rustici), na envolvência da maturidade como baixo/barítono de Savio
Sperandio.
Enquanto Anibal Mancini exibe um potencial registro
intermediário de tenor lírico desde a aria Quanto
é bella à exuberância vocal alcançada com a romanza Una Furtiva Lacrima. Direcionando-se para o epílogo feliz de uma opera buffa que, na despretensão de uma
montagem de deliciosa fluidez, promove um carismático encontro palco/plateia...
Wagner Corrêa de Araújo
O Elixir do Amor está em cartaz no TMRJ, desde o ultimo dia
19, estendendo-se, em horários diversos, entre quarta, sexta e sábado, até o domingo
28 de abril.