Um jovem autor na cena carioca – Daniel Porto - em seu
segundo texto dramatúrgico, Acabou o Pó ,aprofunda seu estudo dos caracteres
comportamentais do cotidiano.
Em sua peça inicial – O Pastor - teve como signo um teatro
documental ao abordar ,com extrema verossimilhança , os desmandos obsessivos
que a religião pode exercer sobre as mentes prisioneiras de seus asseclas.
Mantendo este contexto cênico de um retrato sem retoques das
mazelas sociais prioriza , novamente, o aspecto crítico e sua consequente absorção
no posicionamento reflexivo do público.
Mais uma vez são quebrados os limites palco/plateia numa
encenação despojada( Karlla de Luca) com uma mesa rústica, cadeiras e
utensílios domésticos , onde dois personagens assumem os valores suburbanos
cotidianos de duas donas de casa – Kelly( Alexandre Lino) e Nena ( Leo Campos).
A loquacidade de seus diálogos , de autentica ingenuidade,
vai revelando os fatos mais comuns e corriqueiros daquele pequeno mundo de
conflitos, decepções, crises afetivas e carências financeiras.
Sob luz ambiental ( Binho Schaefer) e conseguindo escapar de
posturas estereotipadas, os dois atores se apoiam em acertada naturalidade e
ritmo , com uma equilibrada nuance humorística, sob o firme comando cênico de
Vilma Melo.
Que , pela proposital ausência de aparatos cenográficos,
possibilitando assim maior concentração da plateia, torna factível a condução
ao riso , teorizado filosoficamente por Rabelais, como a mais útil de todas as
formas de crítica, porque é a mais acessível às multidões.
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