Blog independente - www.operaeballet.blogspot.com.br - interligado a uma rede de oito blogs, exclusivamente voltados à divulgação e à
opinião crítica, com a participação colaborativa de alguns dos maiores
especialistas nestas linguagens artísticas (ópera, dança, música de concerto).
Entre eles Ali Hassan Ayache, o idealizador e responsável por
este valoroso veículo virtual dedicado ao registro opinativo de todas as
manifestações da ópera, da dança e da música de concerto no País.
A seguir, as nossas
indicações do Melhor e do Pior dos espetáculos de 2019, a partir de críticas de
ópera e dança publicadas no blog OPERA & BALLET.
ÓPERA – TEMPORADA CARIOCA
Melhor Direção de Cena
Na vertente de um olhar
armado na vanguarda o Orphée de
Philip Glass, estreando no Brasil, foi o grande momento como proposta
investigativa de ópera/teatro sintonizada com a contemporaneidade. Numa
concepção avançada de Felipe Hirsch imprimindo investigativa conexão de
linguagens e mídias artísticas a partir do clássico filme de Jean Cocteau (Orfeu).
Melhor Cenário e Figurino
A ópera Fausto com
destaque para o apuro plástico de sua
paisagem cenográfica (Renato Theobaldo e Beto Rolnik) a partir de estruturas
móveis com referencial estético de vitralismo e arquitetura gótica.
Completando-se na discricionária mas funcional elegância indumentária por Sofia
de Nunzio.
Melhor Espetáculo de
Ópera
Ausente do repertório do Municipal carioca há meio século, Fausto retornou como um arrojado folego
para tempos de permanente enfrentamento da crise nos seus corpos artísticos
oficiais. Em bela produção original do Festival
de Ópera de Manaus, edição de 2018, sob artesanal direção concepcional de
André Heller-Lopes.
Melhor Orquestra – Melhor Regente
Em Orphée com os
característicos riffs e rigorosos
arpejos das composições de Philip Glass,
nas insistentes repetições das lentas harmonias tonais e episódicas
intervenções jazzísticas e sons de carrilhões. E que a convicta regência de
Priscila Bonfim diante de complexa paleta musical viabiliza, exemplarmente,
diante de uma mais concisa e menos vulnerável Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal.
Revelação Lírica-Masculino, Revelação Lírica-Feminino
Em Fausto, completando
uma integralizada performance do elenco protagonista com requintada vocalização
e presencial cênico do baixo-barítono Homero Pérez Miranda (Mefistófeles). Marina Considera como Tatiana em Eugene Oneguin pela pungente expressão dos sentimentos amorosos em
sua representação cênico/vocal e na exposição de sua bela tessitura de soprano.
Melhor Espetáculo de Ópera – Temporada Paulista – Referência Especial
Pela renovação do repertório lírico com mais uma das óperas
de Leos Janacék – O Caso Makropulos, de 1926 - encenada
em première no país, depois de Kátya
Kabanová, em 2018, sob o ideário estético de André Heller-Lopes, com segura
direção musical de Ira Levin. Na unicidade de um elenco, para sustentar uma
linhagem vocal de áspero cromatismo, com destacadas performances cênico-vocais da soprano Eliane Coelho, do tenor Eric
Herrero e da mezzo soprano Luiza Francesconi.
MELHOR ESPETÁCULO DE DANÇA
Temporada Paulista –
SPCD (São Paulo Cia de Dança)
Com a São Paulo Cia de
Dança que surpreendeu, mais uma vez, com uma temporada de estreias
nacionais e estrangeiras criadas especialmente para a SPCD, sabendo bem como explorar o convívio de posturas clássicas
com exigentes pontuações do movimento dimensionado pela dança contemporânea,
com integralizado destaque para os quatro programas da temporada.
Temporada de Curitiba –
Balé Teatro Guaíra
No cinquentenário do Balé
Teatro Guaíra, com a remontagem da portuguesa Olga Roriz para a Sagração da Primavera, com o olhar
armado no hoje, fugindo à vitimização do feminino, sensibilizado em delirante
gramática cênico/corporal. Para encerrar com O Lago dos Cisnes, de
Luiz Fernando Bongiovanni, sob incisivo contexto psicanalítico, privilegiando
uma vigorosa pulsão criativa sustentada pelo apuro técnico de uma sólida cia.
nacional.
Temporada Carioca – Romola
& Nijinsky
Na luminosa particularidade do teatro coreográfico Romola
& Nijinsky, experimentação estética para o livre alcance das atitudes
criadoras, da linguagem corporal no seu jogo teatral/gestual à precisão de seus
recursos histriônicos e dramáticos, através do tríplice descortino inventor de
Regina Miranda, Marina Salomon e Antônio Negreiros.
Temporada Internacional
– Balé Nacional da China
Balé Nacional da China com o celebrado Lanternas Vermelhas, de trama
próxima aos melodramas operísticos, através de elementos cinéticos que remetem,
além da ópera, aos recursos mímicos e à representação teatral, pontuado por
cenas de teatro dentro do teatro e de uma dança potencializada em grande
espetáculo.
Pior Espetáculo de
Dança
Uma equivocada versão (Jorge Teixeira), de pretensiosa
intencionalidade histórico/acadêmica, para uma Giselle, com frágil
recorrência coreodramática à concepção original de 1841. Com distante
referencial dos anos de brilho do Balé do Theatro Municipal e da tradição
de única companhia oficial de destinação clássica do País.
Wagner Corrêa de Araújo
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