Company foi considerado um musical americano
inovador nos anos 70, pela quebra da estrutura
convencional, até então de prevalente linearidade dramática, ao privilegiar narrativas
paralelas sobre conflitos afetivos em cinco casais, tendo como fio condutor uma
comemoração surpresa do aniversário de Bobby.
Um solteirão chegando aos 35 anos e ainda incerto quanto a
escolher sua própria companhia, observa a passagem de seu relógio biológico refletindo, ao mesmo tempo, sobre alternativas e opções. A
partir do presencial próximo de seu círculo
de amigos e no indicativo favorecimento dos relacionamentos deles, indo de simples
namoros ao convívio matrimonial.
Mordaz, humorada e irônica observação dos casos amorosos, do casamento
e da solteirice, onde os temas musicais e as letras de Stephen Sondheim,
inspirando-se num livro de George Furth, praticamente se limitam a comentar a
ação, sem maiores avanços inventivos e sem a facilidade melódica de outras de
suas criações.
O que, às vezes, torna Company
uma obra de mais difícil acessibilidade no apelo ao imediato gosto popular, ampliado por
sua reiterativa progressão dramática e quase nenhuma variação cenográfica. Com
todos os personagens insistentemente locados na ambiência doméstica do apartamento de Bobby.
Montado pela primeira vez, aqui, em 2002, pela dupla
Moeller/Botelho, com melhores resultados nos palcos cariocas que nos paulistas,
agora retorna com produção menos pretensiosa mas de perceptível qualificação em
sua funcional simplicidade.
Onde o providencial comando mor de João Fonseca acerta mais uma vez, apostando num substrato
concepcional substitutivo para época de crise, com um valioso suporte tecno/artístico.
Reunindo da acurada direção musical de Tony Lucchesi à criteriosa escolha de intérpretes dos casais (Cristiana Pompeu, Stella Maria Rodrigues, Helga Nemeczyk, Anna Bello, Juliana Bodini e seus respectivos partners Claudio Galvan, Wladimir Pinheiro, Rodrigo Nice, Renan Mattos, Victor Maia).
Reunindo da acurada direção musical de Tony Lucchesi à criteriosa escolha de intérpretes dos casais (Cristiana Pompeu, Stella Maria Rodrigues, Helga Nemeczyk, Anna Bello, Juliana Bodini e seus respectivos partners Claudio Galvan, Wladimir Pinheiro, Rodrigo Nice, Renan Mattos, Victor Maia).
E, ainda, na representação do tríduo das descompromissadas amigas em
busca de um namorado (que poderia até ser Bobby), aproveitando os atributos de
protagonismo vocal em seus papéis, as atrizes/cantoras
Joana Mendes, Myra Ruiz e Chiara Santoro. Com um destaque especial para o alcance de modulações tonais na tessitura de soprano desta última, que vem se dividindo bem da cena lírica ao palco
musical.
Dando menores oportunidades musicais e concedendo melhor espaço como
performance teatral para Reiner Tenente que, em seus quase episódicos solos, transmite com sensorial espontaneidade o caráter
mais inseguro, recatado e introspectivo de seu personagem.
Há que se notar também o relevante aproveitamento da mobilidade plástica de
caixas de presentes sendo içadas do solo como um plástico recurso da concepção
cênica (Nello Marrese). Mais a elegância no coloquialismo indumentário (Carol Lobato), potencializado pelo gestualismo coreográfico (Victor Maia) e ressaltado sob vazados efeitos luminares (Luiz
Paulo Neném).
Em espetáculo certamente intimidado pelos recentes cortes de
verbas e pelos já comuns desmandos censórios, mas tornado possível por brava resistência de seus idealizadores, no enfrentamento do
desafio da busca de soluçoes para o teatro musical brasileiro.
COMPANY está em cartaz no Sesc Ginástico/Centro/RJ, de quinta a sábado, às 19h; domingo, às 18h.150 minutos. Até 29 de setembro.
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