ACABOU O PÓ : RELATOS DOMÉSTICOS


FOTOS BY JANDERSON PIRES

Um jovem autor na cena carioca – Daniel Porto - em seu segundo texto dramatúrgico, Acabou o Pó ,aprofunda seu estudo dos caracteres comportamentais do cotidiano.

Em sua peça inicial – O Pastor - teve como signo um teatro documental ao abordar ,com extrema verossimilhança , os desmandos obsessivos que a religião pode exercer sobre as mentes prisioneiras de seus asseclas.

Mantendo este contexto cênico de um retrato sem retoques das mazelas sociais prioriza , novamente, o aspecto crítico e sua consequente absorção no posicionamento reflexivo do público.

Mais uma vez são quebrados os limites palco/plateia numa encenação despojada( Karlla de Luca) com uma mesa rústica, cadeiras e utensílios domésticos , onde dois personagens assumem os valores suburbanos cotidianos de duas donas de casa – Kelly( Alexandre Lino) e Nena ( Leo Campos).

A loquacidade de seus diálogos , de autentica ingenuidade, vai revelando os fatos mais comuns e corriqueiros daquele pequeno mundo de conflitos, decepções, crises afetivas e carências financeiras.

Sob luz ambiental ( Binho Schaefer) e conseguindo escapar de posturas estereotipadas, os dois atores se apoiam em acertada naturalidade e ritmo , com uma equilibrada nuance humorística, sob o firme comando cênico de Vilma Melo.

Que , pela proposital ausência de aparatos cenográficos, possibilitando assim maior concentração da plateia, torna factível a condução ao riso , teorizado filosoficamente por Rabelais, como a mais útil de todas as formas de crítica, porque é a mais acessível às multidões.


(ACABOU O PÓ volta ao cartaz, no Teatro Ipanema, todas as quartas feiras de novembro, às 21h)





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