![]() |
CARLOS LEITE, ENTRE MIKHAIL BARYSHNIKOV E WAGNER CORREA. Depoimento no camarim do Grande Teatro do Palácio das Artes ( BH). Julho de 1980. |
23 de julho, há 106 anos nascia o gaúcho Carlos Leite,
bailarino e professor. Começou sua carreira no Theatro Municipal do RJ, em 1935, ainda com Maria Olenewa, continuando ali com
outros mestres, como Yuco Lindberg e Igor Schwezov,
sendo solista e primeiro bailarino. Depois de atuar no Original
Ballet Russe e no Balé da Juventude, transferiu-se, em 1948, para Belo
Horizonte onde implantou a dança clássica com a criação do Balé Minas Gerais.
Numa carreira exponencial que atraiu a atenção não só de Minas mas do Brasil, com suas propostas originais como um emblemático Lago dos Cisnes apresentado, ao ar livre, em palco montado sobre o lago do Parque Municipal de BH. Sem falar nas suas coreografias para as óperas no Teatro Francisco Nunes e até atuações em produções teatrais e na emergente televisão mineira, representada pela TV Itacolomi.
Numa carreira exponencial que atraiu a atenção não só de Minas mas do Brasil, com suas propostas originais como um emblemático Lago dos Cisnes apresentado, ao ar livre, em palco montado sobre o lago do Parque Municipal de BH. Sem falar nas suas coreografias para as óperas no Teatro Francisco Nunes e até atuações em produções teatrais e na emergente televisão mineira, representada pela TV Itacolomi.
Foi responsável pela formação acadêmica de nomes fundamentais
da dança brasileira como Klauss Vianna, Angel Vianna, Décio Otero e toda uma
geração que teve aulas com ele em sua cia Ballet Minas Gerais, além dos que vieram depois da sua direção da Escola
de Dança Clássica e do Balé do
Palácio das Artes. Entre estes, um dos destacados coreógrafos brasileiros da
atualidade, Tíndaro Silvano.
Nos anos 70 até o inicio dos anos 80, atuei ali como
Coordenador Artístico do Centro de Documentação e Audio-Visuais,
que abrangia o teatro, o cinema e as artes plásticas, além de um centro de
memória.
Período quando registramos, em fotos e depoimentos, a passagem
por BH de grandes nomes da música e das artes cênicas, desde Charles Mingus a Mikhail Baryshnikov que veio, pela primeira vez, ao Brasil, entre junho e julho de 1980, dançando, como solista convidado, em controvertida turnê nacional, acompanhado pelo Corpo de Baile do Palácio das Artes.
Tive o privilégio na década 70/80 do convívio artístico diário com Carlos Leite, este
mestre da dança clássica a quem tanto deve Belo Horizonte desde que optou pela cidade, e que impressionava também por sua simpatia, criatividade e profissionalismo. Através
dele, nos inúmeros contatos que tivemos, começou meu encantamento com a arte
da dança, especialmente o gênero clássico.
De grande sensibilidade, ele liberava os alunos e os
integrantes da Cia de Dança Clássica do Palácio das Artes
para aquelas primeiras sessões experimentais que organizávamos com filmes sobre dança, em 16mm (não
existiam ainda as mídias posteriores, o VHS e o DVD) e, depois, também em 35mm, através da doação pela Fiat de equipamento profissional de exibição cinematográfica.
E que que dariam origem à futura Sala de Cinema Humberto Mauro,
inaugurada em setembro de 1978 e atuante até hoje. Carlos Leite e seus alunos-bailarinos
foram, assim, o seu primeiro público em sessões didáticas e formadoras de
opinião. Em conversas didáticas antes e depois da sessão falando um pouco sobre que acontecia mundo afora na dança, com filmes cedidos pelas embaixadas, serviços consulares e instituições como a Alliance Française, o Goethe Institut, o British Council e o USIS (United States Information Service).
Ali assistíamos juntos registros de coreografias completas,
algumas estreadas naquela década, desde a primeira versão filmada de Spartacus, pelo Balé do Teatro Bolshoi, a energizadas incursões de Alvin Ailey ou simbólicas criações do American Ballet Theatre, tais como Pillar of Fire, de Antony Tudor, ou inovadoras obras de Maurice Béjart, além de outras, por exemplo de Kenneth MacMillan, para o Royal Ballet.
E até curiosos registros como uma raríssima versão coreográfica para O Canto do
Cisne Negro, de Villa Lobos, em curta metragem produzido pelo antigo INCE - Instituto Nacional de Cinema, dos anos em que Humberto Mauro atuava ali como diretor, montador e fotógrafo.
Em 2018, houve a gravação de mais um dos DVDs da série Figuras da Dança, projeto magnificamente
idealizado por Inês Bogéa, diretora de uma das melhores cias. brasileiras e, por
que não, mundiais que é a São Paulo Companhia de Dança.
Desta vez, dedicado a celebrar a vitoriosa trajetória, do ex-bailarino e um dos mais expressivos coreógrafos e professores brasileiros da
atualidade, Tindaro Silvano, onde lembramos, através de um depoimento, esta passagem de formação de sua futura carreira, através do Corpo de Baile do Palácio das Artes sob a concepção
diretora do grande maitre Carlos
Leite.
Fica, assim, aqui
registrado meu tributo a este ser humano e artístico tão especial, nestas fotos históricas de um tempo nostálgico, mas permanente e inesquecível que, impulsionou o talento nato de Tindaro Silvano e, para mim, ficou como
o marco de inicialização para o exercício futuro da crítica e da direção de
documentários sobre o universo da Dança, esta eterna paixão metaforicamente contextualizada no poético pensar de Paul Valéry:
"La danse c'est une musique qu'on voit".
"La danse c'est une musique qu'on voit".
Wagner Corrêa de Araújo
![]() |
CARLOS LEITE E TÍNDARO SILVANO. O Mestre o Aluno. Registro histórico na entrada do Palácio das Artes (BH). 23 Julho de 1976, aniversário de Carlos Leite. |
Honrada me sinto por ter sido bailarina, que aprendi muito e tudo sobre a dança com esse grande mestre!!! Fui bailarina do corpo de Baile da fundação Clóvis salgado sob a direção do eterno mestre e coreógrafo Carlos leite. Eterna gratidão!
ResponderExcluirBelo texto! Saudades dessa vida de espetáculos e de grandes emoções.
ResponderExcluir