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FOTOS/GUGA MELGAR |
Sob o justo mote comemorativo dos 65 anos do Tablado, baluarte histórico de formação e de provas de amor ao teatro, no seu retorno à
grade de programação dos palcos cariocas , um valoroso exemplar autoral de dois
integrantes de seus quadros curriculares – Lionel Fischer e Júlia Stockler – “Boa Noite,Professor”.
Quando os quarenta espectadores, longe da plateia, aguardam, no posicionamento circular da essencialista
urdidura cenográfica(José Dias), representativa da ambiência doméstica do
professor Paulo (Ricardo Kosovski), a chegada da estudante Verônica(Nina Reis),
nem de longe imaginam onde levará esta ilusória dualidade lúdica de personagens.
Perante um aparente confronto corriqueiro de questionamentos
escolares, a partir de uma tese que a
aluna idealiza sobre o universo da psicopatia, através de uma consulta
professoral, o sequencial narrativo dá uma surpreendente curva transgressiva.
Em que desabam os previsíveis impulsos de uma mera atratividade
sexual , o mais comum a se esperar destas atrações secretas entre os dois polos humanos
, afetividade e ensino , numa sala de aula.
Com tensão e suspeita vai se delineando uma trama dramatúrgica de rascante dimensionamento psicológico
em suas ramificações psíquicas, nas decorrências de um misterioso crime e da maldade indômita
de um provável serial killer.
Na precisa e inteligente escrita da dupla de dramaturgos (pai e filha,
na vida real) , delineia-se , com irônica clareza, o temperamento charmoso e
eloquente, típico deste perfil psicopata. Explorado com a necessária frieza, paralela a uma vigorosa espontaneidade,
emotiva e gestual, no que condiz ao
personagem de Ricardo Kosovski, em irrepreensível
performance.
Por outro lado, em idêntica coesão e indisfarçável
contundência, Nina Reis avança na sensível captura de sua personificação onde ,
através de subentendidos e lance de dados instintivos, sem jamais tropeçar em
estereótipos, conduz à inesperada solução final.
Este teatro psicológico e simultaneamente terapêutico, com
seu entrecho subliminar de catártica redenção, é favorecido pela maestria diretorial com que é manipulado a quatro mãos ( Lionel
Fischer/Júlia Stockler).
E este pleno domínio da representação, é ampliado pelo acerto no comedimento de seus mecanismos
técnico/artísticos , da cenografia de Dias aos figurinos (Ana
Carolina Lopes) e na suavidade de seu desenho de luz(Aurélio de Simoni),
passando, ainda, pela sutileza incidental de seu score sonoro( Tato Taborda).
Boa Noite, Professor é, assim, um espetáculo corajoso por
sua verdade subjetiva e revelador por sua sustentação crítica.
BOA NOITE, PROFESSOR está em cartaz no Teatro Tablado, Lagoa/RJ,sexta e sábado, 21h;domingo, às 20h. Até 25 de setembro.
Wagner amigo,
ResponderExcluircom anos de atraso te agradeço a generosidade de tua crítica, que só li hoje!!!
beijos