FOTOS/ANNA CLARA CARVALHO |
“Meu único amor nascido de meu único ódio. Cedo demais o vi,
sem conhece –lo, e tarde demais o conheci! Prodigioso é para mim o nascimento
do amor, para que deva amar meu inimigo detestado”.
A mais célebre história do despertar do amor primeiro, entre
a Julieta Capuleto e o Romeu Montechio,
numa paixão juvenil de proibição transmutada em tragédia, inspirada a
Shakespeare por muitas narrativas literárias ancestrais, continua desafiante na
multiplicidade de suas concepções.
Na ópera( Gounod), no balé(Prokofiev), no
cinema(Zefirelli),no musical (Bernstein), da tradição à vanguarda, da historicidade
à atemporalidade da “mortal loucura” de um amor sem medidas.
Da fidelidade textual às transgressões, capaz sempre com sua força imanente de contagiar e sintonizar sem cronologia, entre o lirismo e o caos, a ordem e o êxtase, quaisquer corações e mentes.
Da fidelidade textual às transgressões, capaz sempre com sua força imanente de contagiar e sintonizar sem cronologia, entre o lirismo e o caos, a ordem e o êxtase, quaisquer corações e mentes.
Romeu e Julieta na sua linguagem de poética
perenidade, entre nuances de delicadeza e tensão, tem tal densidade dramática
que arrasta o público ao compartilhamento emotivo
da cruel predestinação de seus personagens.
A tradução de Onestaldo Pennafort é condensada aqui, com respeito às suas linhas mestras, nas sutis inserções
de linguajar contemporâneo e na redução de
cenas indispensáveis por um maior redimensionamento de momentos
decisivos do original.
Assim, o comando diretor de Dani Lossant, com suporte dramatúrgico de Diogo Liberano, singulariza sua concepção da tragédia sob o título de Um Nome Para Romeu e Julieta.
Assim, o comando diretor de Dani Lossant, com suporte dramatúrgico de Diogo Liberano, singulariza sua concepção da tragédia sob o título de Um Nome Para Romeu e Julieta.
E ,sem perder a intensidade da trama e a interiorização de
seus personagens, revela competência artesanal ao insuflar dignidade estética na
fusão do clássico com o referencial da contemporaneidade.
No despojamento cenográfico com materialização de belos achados,
nos meios tons dos figurinos(Luci Vilanova), na irradiação de luzes (Daniela
Sanchez)sugerindo climas e espaços e na envolvência da trilha ambiental entre o
sinfônico e o funk (Luciano Corrêa).
Completado, ainda, na incisiva gestualidade(Nathália Mello) tornando
visível o movimento onírico de exploração do contorno psicológico dos
personagens.
Tendo nos papéis titulares de Romeu( Diogo Liberano) e
Julieta(Carolina Ferman) e revezando, no elenco, Marcio Machado(pai e Frei
Lourenço),Morena Cattoni(mãe e criada), Andreas Gatto e Daniel Chagas, como
integrantes das famílias Capuleto e Montecchio.
Jovial e enérgica passionalidade marcam a performance de Diogo
Liberano e Carolina Ferman. Convicção e frieza fazem o firme contraponto em Márcio Machado. Além do alcance
de cativante cumplicidade em Morena Cattoni e do eficiente equilíbrio de voz e fisicalidade
em Andreas Gatto e Daniel Chagas.
Tudo, enfim ,concorrendo , com ritmo e elegância, para uma
inventiva e sensorial retomada de um dos
momentos rompantes e estelares da dramaturgia universal.
UM NOME PARA ROMEU E JULIETA está em cartaz no Teatro Ipanema, quartas e quintas, às 20h30m. 70 minutos.De 10/08 a 01 de setembro.
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