VÉRTICE / FOTOS /PAULA KOSSATZ |
Há exatamente quinze anos o processo coreográfico brasileiro
vem compartilhando o deleite estético ,
entre a expressividade e a técnica, de uma das mais inventivas cias do país – a
Focus , sob o comando de Alex Neoral.
Bailarino e coreógrafo, sua trajetória profissional se
solidificou numa identidade própria, após sua passagem por significativos
núcleos de dança contemporânea, como o Grupo
Tápias(Giselle Tapias) e as Cias Nós
da Dança(Regina Sauer), Vacilou Dançou(Carlota Portella) e Deborah Colker.
Quando finalmente ,após
estabelecer seu próprio grupo, estreou em 2000 , com Vértice - o espetáculo inicial, já era um nome respeitado por suas
inúmeras incursões em mostras, festivais e diversificadas colaborações.
Na presente retomada de seus trabalhos originais, em
temporada por vários palcos cariocas, entre eles o teatro Cacilda Becker ,
como o primeiro ponto de partida da Focus
Cia. de Dança, vale ressaltar aqui o caráter personalista e impulsionador já
imanente nesta fase da revelação coreográfica de Alex Neoral.
O desenho coreográfico das quatro peças integrantes do
espetáculo Vértice é , ao mesmo
tempo, cerebral e imaginativo, ao constatar o movimento, além dos meros
impulsos mecanicistas do gestual humano.
Ressaltando também as enérgicas potencialidades das relações corporais
dos bailarinos com o espaço teatral. Sem jamais deixar de lado, na meticulosa exploração
plástica de mãos, braços, ombros , troncos, pernas e pés, uma sensível construção subjetiva dos sete bailarinos,
tanto em Nada Além de Um , como em Trajeto.
Esta sensorialidade aparece ainda, de forma mais
individualizada,na transmutação da fisicalidade, entre dois bailarinos (Alex Neoral/Clarice Silva) , em
perceptível dialogo corporal/reflexivo do duo com o mundo ao redor, representado
pela plateia ( em Inter-cessão ).
Numa alteridade deste jogo coreográfico, eficazes recortes em
torno de dissonantes contorções corporais subvertem, humoristicamente, tanto as
posturas quanto a expressividade facial,na obra “Por
Partes”.
Enquanto, Quase Uma,
no quase referencial ao pensar filosófico de G. Bachelard( Não se encontra o espaço, é sempre
necessário construí-lo) duela , entre o determinismo sincrônico e as
demarcações externas, na busca do
movimento reinventado ,além das dimensões de tempo e lugar.
Nesta merecida programação comemorativa, a singularidade criativa
e o exponencial techné ( fazer artístico) de seus superlativos bailarinos(Carol Pires, Clarice
Silva, Cosme Gregory, Felipe Padilha, Gabriela Leite, Marcio Jahú, Mônica
Burity ,mais Alex Neoral/ dublé de coreógrafo/diretor).
Incluída a contribuição luminosa de Binho Schaefer e os adequados figurinos (Jacira Garcias),tudo sob uma transcendente trilha minimalista(Philip Glass/ Meredith Monk),pop(Bjork/Dead Can Dance, Apocalyptica),barroca(Bach), contemporânea ( Kronus Quartet ),via Alex Neoral.
Fazendo, assim, com que a Focus Cia de Dança continue, sempre, seu relevante papel descortinador, na arte coreográfica brasileira e no além mar.
Fazendo, assim, com que a Focus Cia de Dança continue, sempre, seu relevante papel descortinador, na arte coreográfica brasileira e no além mar.
A FOCUS CIA. DE DANÇA está em cartaz no Teatro Cacilda Becker, Catete, de quinta a sábado, às 20h; domingo, às 19h.
Até o dia 13 de março.
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