SWING LOW : "ANJOS" BRASILEIROS EM PREMIÈRE VIRTUAL NO JOFFREY BALLET

        SWING LOW. The Joffrey Ballet. Chicago, estreia em 28 de maio 2021. Foto/ Todd Rosenberg.

Estreou nas plataformas digitais, no último dia 28, o breve espetáculo SWING LOW (inspirado em conhecido spiritual Swing Low, Sweet Charity), na versão da coreógrafa americana de ascendência latina Chanel da Silva. Para o Joffrey Ballet, Chicago, com um elenco masculino de cinco bailarinos onde a grande surpresa é o protagonismo dos brasileiros Fernando Duarte, Edson Barbosa e Stefan Goncalvez.

É uma performance marcada por energizado gestual e uma visceral releitura de um cântico religioso de súplica e perdão, transcendido aqui com um olhar armado em radical contemporaneidade, da abordagem temática à concepção coreográfica. Embora a proposta, por vezes, chegue a tornar-se bastante reiterativa.  

A partir de provocador confronto entre fé e dúvida, corporeidade e espiritualidade, numa configuração de anjos ao mesmo tempo homens e demônios, à beira do abismo apocalíptico. Revelando, inclusive, um subliminar teor gay quase referencial da celebrada peça Angels in America.

O score sonoro/autoral da violoncelista Zoë Keating vai transgredindo as linhas melódicas do spiritual com incisivos acordes e batidas de música eletrônica. Extensivo a um figurino que faz uso crítico de penas e asas angelicais cobrindo os dorsos nus de cinco jovens arcanjos, transviados e rebeldes.


FERNANDO DUARTE, bailarino brasileiro protagonista em  Swing Low, Maio de 2021. Foto/Todd Rosenberg.

Dimensionados plasticamente num retrato cênico entre luzes e sombras, pés descalços e calças jeans, em  pulsão gestual com estética plástica de assumida desconstrução erótica da pureza celestial.

O protagonista, como o anjo caído, é Fernando Duarte e que é desafiado pelo assédio dos  quatro "anjos terríveis", entre estes o de dois outros intérpretes brasileiros Edson Barbosa ao lado de Stefan Goncalvez, além dos bailarinos Evan Boersma e Hyuma Kiyosawa.  Lembrando que, tanto Duarte como Barbosa, ambos se formaram como bailarinos no Rio de Janeiro, enquanto Goncalvez, de ascendência brasileiro/uruguaia, teve sua iniciação de carreira em São Paulo, tanto no Grupo Raça como no Pavilhão D, antes de partir de vez para Chicago.

Fernando Duarte tendo passado pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa e, radicado nos EUA, desde 2008, com trajetória vitoriosa de solista, tanto em personagens clássicos ou em criações contemporâneas e, ainda, como integrante do Joffrey Ballet

Enquanto Edson Barbosa, de Tocantins para a Ilha do Governador através do Grupo Cultural de Patrícia Marques, também não ficou longe de destacada carreira internacional desde que foi o vencedor masculino do Prix de Lausanne, em 2012 e está, hoje, no elenco do Joffrey.

Não deixem de conferir Swing Low e certamente sentirão orgulho pela meritória atuação de mais três brasileiros que alcançaram sua hora e vez nos palcos do mundo.

                                              Wagner Corrêa de Araújo

                   Swing Low, The Joffrey Ballet, World Première. Maio de 2021 Foto/Todd Rosenberg.

                                             
                                            https://www.youtube.com/watch?v=IyWN5p_C4-4

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