RAIA 30, O MUSICAL : CLAUDIA X CLAUDIA

FOTOS BY CAIO GALUCCI


Quando Claudia Raia decidiu fazer um musical autobiográfico, incentivada por seu partner , de amor e de palco, Jarbas Homem de Mello, ficou indecisa por seu aspecto de auto exaltação em torno de uma carreira de três décadas.

Afinal, foram grandes momentos musicais/coreográficos no palco como A Chorus Line (1983), Sweet Charity (2006) e Cabaret (2011). Especiais participações no cinema, Quarup e Boca de Ouro , em 1989,e Matou a Família e Foi ao Cinema ( 1991). Além de suas inúmeras atuações na televisão, tanto em programas humorísticos como em novelas.

A ideia de Raia 30, O Musical dá sequencia à trilogia dos anos 90, Não Fuja da Raia, Nas Raias da Loucura e Caia na Raia, todos a partir da brilhante utilização de seu sobrenome ,com outros significados, na titulação dos musicais.

Mais uma vez, ela conta com a valiosa colaboração artística de profissionais do naipe de Miguel Falabella( texto) e José Possi Neto( direção). Incluindo,  ainda ,  Tania Nardini( coreografia), Maestro Marconi Araújo ( concepção musical ), Fábio Namatame( figurinos) e Gringo Cardia ( cenografia).

Tudo funciona a mil maravilhas, através de um afinado elenco  de atores/bailarinos com   um destaque exponencial para Marcos Tumura, comparsa de palco, há quase exatamente 30 anos .

Sobrepondo-se a todos com a potencialidade maior de show business star, sempre a própria Claudia Raia. Capaz de assumir , de  forma tão  carismática, a sua própria personalidade, ainda que suas performances  quase se confundam,  entre a sua figura exponencial de mulher e a de atriz.

Com seu porte e pose, se alinha na tradição das grandes vedetes do “music hall”, equilibrando, visivelmente,  seu virtuosismo  cênico entre o canto , a dança e uma envolvente nuance de representação na linha do humor,  de inteligente ironia.

Se em Raia 30, todos os elementos cênicos , gestuais e sonoros concorrem para o efetivo esplendor de um musical, falta-lhe, no entanto, uma construção dramatúrgica equivalente.

O roteiro é instável , mesmo na intencionalidade  de um clima de delírio felliniano, evitando a  narrativa  biográfica num  sequencial cronológico.

Suas perdas essenciais  de ritmo aparecem , com maior nitidez , nas frágeis passagens do humor televisivo, em flagrante contraste com a unidade técnica e a densidade dos números coreográficos/musicais.

Mas, para o bem de todos,  o talento e a intensidade da  presença física da protagonista , ao lado de uma irrepreensível entrega do elenco, transformam os rounds perdidos, em entusiasta adesão pública  na “raia” final da vitória.




RAIA 30, O MUSICAL está em cartaz no OI Casa Grande, Leblon, de quarta a sexta, 21h;sábado, 18h30m e 21h30m;domingo, 18h. 90 minutos. Até 14 de fevereiro.

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