FOTO/ MILTON MENEZES |
Luta Livre, Vale Tudo, MMA, o clã Gracie, Anderson Silva, Vitor Belfort, José Aldo, nos
ringues. De um clássico de M. Scorsese (Touro Indomável) à série Rocky
(Stalone) sem esquecer , é claro, Bruce
Lee, nas telas.
Na peça, a partir das lembranças de um passado distante, o lutador / treinador Caleb (Stenio Garcia) , de
rinhas e
ringues, diante de uma doença terminal, decide fazer um acerto de contas
e um reencontro da dissidente linha direta de seus descendentes.
Para tanto, o patriarca envolve os dois filhos, ex –lutadores Enosh( Gláucio Gomes) e Tito(Antonio
Gonzalez) na difícil missão reconciliatória. Em meio a muitas rusgas e mágoas que atingiram, igualmente, os netos , também
profissionais , Daniel (Daniel Villas) e
Davi ( Marcos Nauer).
Ao enredo, juntam-se
também, respectivamente, as mulheres de Caleb, Diná ( Stela
Freitas) e de Daniel, Débora(Mari Saade), além de uma apresentadora de TV, Madalena( Carol Loback). Enfim, um número
grande de personagens e histórias que acaba desviando ou tornando menor o foco
em torno do protagonismo titular.
Cria-se , assim, um imaginário fragmentado de um núcleo familiar caotizado , num excesso de tramas paralelas que , às vezes, prejudicam o
rendimento cênico.
A cenografia (Aurora
Campos) imprime um significativo olhar visual entre teias metalizadas de
galinheiros. Transmutadas, simultaneamente, em casa, estúdio de tv e ringue, pelo desenho
das luzes (Tomás Ribas) . E completada por
adequados figurinos (Antonio Guedes) e pela trilha, sempre precisa,
de Marcelo Alonso Neves.
A coesa adesão do elenco alcança relevância, na dependência da maior envolvência ou não dos
seus papéis. Embora, com uma presença mais sóbria, Stênio Garcia confira exponencial dignidade e intensidade emotiva ao seu
personagem.
Mas, o visível destaque fica por conta da contundente e
convicta performance de Marcos Nauer , combinando, com sua entrega interpretativa, rica gestualidade e modulação vocal.
Na simbológica cena da luta final entre irmãos
de sangue, pela coragem do enfrentamento duelar entre laços de família, uma reflexiva conclusão.
Que vença um ou outro , não importa : no ringue da vida, vencer-se a si próprio é a maior das vitórias.
WAGNER CORRÊA DE ARAÚJO
WAGNER CORRÊA DE ARAÚJO
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