A criação operística voltada exclusivamente para crianças tem um exemplo
clássico em Hänsel e Gretel (1893), de E. Humperdinck, inspirando-se no célebre
conto dos Irmãos Grimm.
No Brasil, houve
incursões singulares, como as de Villa Lobos com “A Menina das Nuvens” ,
a partir de um argumento de Lúcia Benedetti e Francisco Mignone com ”Godó ,O
Bobo Alegre”, texto de Pedro Bloch.
Além da ópera O Menino Maluquinho ,composição de Ernani Aguiar, com libreto de Maria Gessy de Salles e do
autor do livro, Ziraldo que, só agora, volta à cena, depois de sua estreia em Juiz de
Fora(2003).
Na presente concepção, dentro da Temporada Oficial do Theatro
Municipal, a regência da Orquestra Sinfônica da UFRJ, é de Roberto Duarte e a
direção teatral é de Sura Berditchevsky. Tendo , ainda, a Associação de Canto Coral
e o Coral Infantil da UFRJ, respectivamente sob seus regentes titulares, Jésus
Figueiredo e Maria José Chevitarese.
Com sua marca simbológica de uma panela servindo de chapéu, o
personagem protagonista vive um mundo de traquinagens, na ambiência doméstica e
escolar, nas brincadeiras, no futebol, nos sonhos e nos ingênuos flertes amorosos, até se
descobrir crescido .
Numa conjunção perfeita da trama dramatúrgica, sustentada
pela maestria de um libreto de poética
ironia(Maria Gessy) , longe da previsível puerilidade do tema, com uma sensível partitura (Ernani Aguiar). De harmonias tonais e acordes melodiosos, acentuados pela segurança da conduta orquestral de Roberto
Duarte.
Ao lado do componente emotivo, realidade e memória, sugestionado
pela invenção cênica( Daniela Thomas/Camila Schmidt),pela adequação da
gestualidade(Renato Vieira), pelo desenho dos figurinos(Pedro Sayad) e luzes (
Jorginho de Carvalho).
A reveladora
espontaneidade interpretativa e afinação vocal do já experiente Tiê Kuhl( Menino Maluquinho), não desmerece a
convincente atuação de seus sopraninos
coadjuvantes, nos personagens Bocão(Paulo Vinicius Pantaleão) e Julieta(Isabele Lopes ).
Incluindo ,é claro, as vozes de um coeso elenco de cantores já profissionalizados(Guilherme Moreira,Vivian Delfini,Lily Driaze, Fabrício Claussen, Geilson Santos, Luisa Suarez,Mariana Gomes,Beatriz Simões) . Com destaque, para as nuances líricas da soprano Flávia Fernandes(Mãe) e o
alcance e clareza vocal do barítono Marcelo Coutinho , especialmente nas árias
do Tempo.
O tato de uma
perfeccionista em teatro infantil ( Sura
Berditchewsky) sintetiza, em tons precisos, os caracteres psicológicos e
comportamentais da autentica dramatização de cenas da infância.
Memorização, sutilezas motoras e linguísticas, socialização e
muita criatividade, num espetáculo para todos os gostos e idades.
MENINO MALUQUINHO A ÓPERA está em cartaz no Theatro Municipal, RJ, quinta e sexta,20h;sábado,17h;domingo,11h30m e 17h. Até 13 de dezembro.
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