OU TUDO OU NADA : NUS COM A MÃO NO BOLSO

FOTOS BY  GUSTAVO BAKR

“The Full Monty” é uma expressão popular inglesa que significa mostrando a coisa toda. E é este termo que titula o filme britânico de 1997(Peter Cattaneo) , seguido de sua versão musical na Broadway  2000 ( David Yazbeck/Terrence McNally) e que , agora, tem sua primeira montagem brasileira .

Ou Tudo ou Nada , numa bem cuidada  adaptação de Artur Xexéo, mantem seus ingredientes originais com a inserção de maneirismos linguísticos e gírias, para quebrar o distanciamento com a paisagem da   ex “cidade do aço” inglesa, Sheffield.

Em sua narrativa ,seis de seus cidadãos  homens se reúnem com a  missão de resgatar seus problemas comuns  de desemprego,  conflitos familiares , solidão e total falta de perspectivas financeiras,  através de um show de nudez masculina.

Incitados ,inicialmente, por Jerry ( Mouhamed Harfouch), um pai ameaçado de perder a custódia do filho pré-adolescente Nathan( Xande Valois)  e por  Dave ( Claudio Mendes), assolado por um iminente rompimento conjugal. Atraindo, sequencialmente, os outros  comparsas na identificação de   crises pessoais.

Como o   semi- suicida Malcolm( André Dias), o administrador falido /dublê de coreógrafo (Carlos Arruza), o malabarista Ethan( Victor Maia) e o Jegue (Sérgio Menezes), diferenciado pela parte exagerada de sua anatomia sexual.  

Decididos a se tornarem strippers por uma noite, ensaiam num clima a “chorus line” com a velha pianista Jeanette(Sylvia Massari), em empática e bem humorada performance. Tendo ainda, os destaques femininos das esposas Geórgia(Kacau Gomes) e Vicki( Patrícia França) e um coeso elenco coadjuvante.

O score musical ,com suas referencias pop/jazzísticas,  tem a dinâmica regência de Miguel Briamonte, conduzindo a uma  enérgica gestualidade ( Alan Rezende) e a uma meticulosa vocalização ( Mirna Rubin).

Sendo dignos de registro,   a modulação das luzes(David Bosboom/Dani Sanchez) e os adequados figurinos( Ney Madeira/Dani Vidal), tudo  completando a  criativa  saída cenográfica(Edward Monteiro) para uma produção de parcos recursos.

O elenco , de atuação ímpar, tem personificações singulares no empático Jerry, no espirituoso Dave, no depressivo Malcolm, no circense Ethan, no dissimulador Harold, no falso ingênuo Nathan e nos vozeirões de Jegue, Vicki, Geórgia e Jeanette.

A habitual segurança no ofício teatral  e o apaixonado senso estético de Tadeu Aguiar concretizam um convincente resultado ,de   irônico humor implodindo num referencial teor  crítico .

Onde a solução pelo  corpo/mercadoria não deixa de ser uma denúncia à falência inflacionária no caos financeiro,  gerando o   crescente  desemprego.

E desnudando ,  física e emocionalmente, toda e qualquer crença na atual realidade econômica  e no presente cenário  político.


( Ou Tudo Ou Nada - O Musical está em cartaz no Teatro Net Rio, Copacabana, quinta e sexta, às 21h;sábado, às 18h e 21h30m;domingo ,às 19h. Até 20/ Dezembro)

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