FOTOS BY DALTON VALÉRIO |
Mobilizados pela ideia de penetrar no denso labirinto dos
conflitos da solidão e da incomunicabilidade humana,a partir do
universo teatral de Edward Albee e Harold Pinter, os atores Paulo Giannini e
Kadu Garcia comissionaram –na ao sólido
pensar dramatúrgico de Renata Mizrahi.
Galápagos aparece, assim, como um texto singular nas suas
incursões autorais,em seu direcionamento de incisiva interiorização e de uma
simbologia fronteiriça à crise existencial da contemporaneidade . E que encontra na audaciosa inquietação
cênica de Isabel Cavalcanti o comando
inventivo ideal à proposta.
Dois homens, de destino e cotidiano absolutamente opostos, se encontram, casualmente a princípio e
rotineiramente a seguir, no balcão de um bar . O artista plástico Carlos (Paulo Giannini),separado, quase depressivo em seu isolamento, e um funcionário de uma
multinacional Vander (Kadu Garcia),casado mas
escondendo seu lado nostálgico e infeliz, na falsa armadura de sua
extroversão.
As incômodas tentativas de aproximação de Vander lentamente geram quebras, que nunca se concretizam plenamente, na
monossilábica postura de Carlos. E, aos poucos, vai se descortinando um abstrato clima de seres perdidos numa ilha ancestral ( a possível referência subjetiva a Galápagos , território
dos confins equatoriais), numa patética atitude auto explicativa de que,
num naufrágio, quem está só é mais fácil de ser ajudado.
A magia do espetáculo está neste incessante ir e vir, físico e psicológico, dos personagens . Na insistência da
provocação de encontros e retornos entre dois seres, submersos nas tentativas de fuga da frustração de vidas sem perspectivas.
O domínio técnico e estético
da linguagem teatral é alcançado pela direção no dimensionamento interpretativo de uma
dupla de atores, de incrível credibilidade e força.
A cenografia (Aurora dos Campos) atende à funcionalidade do
que se pretende, aliada ao recato dos figurinos(Bruno Perlatto) ,onde
luzes(Renato Machado) entre sombras acentuam as nuances sensíveis destes
confrontos coloquiais.
Incluindo, ainda, a trilha sonora meticulosamente arquitetada pela habitual competência de Felipe Storino .Fluindo das incidentais e misteriosas interferências da voz impecável de Simone Mazzer e criando , na plateia , a sensorial ilusão de sua presença física.
Não por acaso esta tragicomédia foi vencedora da última edição do Prêmio Shell pois, além de se consolidar como refinado texto, alcança todas as modulações de poético e irônico humor nesta sua elaborada concepção cênica.
Capaz também de reflexionar , em sua risível acidez, a constatação premonitória do romantismo literário de Lord Byron ecoando nas teorizações do teatro do absurdo :
"Na solidão é quando estamos menos sós".
Wagner Corrêa de Araújo
Incluindo, ainda, a trilha sonora meticulosamente arquitetada pela habitual competência de Felipe Storino .Fluindo das incidentais e misteriosas interferências da voz impecável de Simone Mazzer e criando , na plateia , a sensorial ilusão de sua presença física.
Não por acaso esta tragicomédia foi vencedora da última edição do Prêmio Shell pois, além de se consolidar como refinado texto, alcança todas as modulações de poético e irônico humor nesta sua elaborada concepção cênica.
Capaz também de reflexionar , em sua risível acidez, a constatação premonitória do romantismo literário de Lord Byron ecoando nas teorizações do teatro do absurdo :
"Na solidão é quando estamos menos sós".
Wagner Corrêa de Araújo
GALÁPAGOS está em cartaz no Teatro Gláucio Gil, Copacabana, quinta e sexta, 20h. Até o dia 13 de novembro.
Nova temporada:Na Sala Baden Powell/Copacabana,quinta e sexta, às 20h.70 minutos. Até 3 de novembro.
Nova temporada:Na Sala Baden Powell/Copacabana,quinta e sexta, às 20h.70 minutos. Até 3 de novembro.
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